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Análise: Bastion (XBLA)

Nunca deixo de me impressionar com a Xbox Live Arcade , que sempre me presenteia com jogos incríveis. A liberdade dada aos desenvolvedores, ... (por Jardeson Barbosa em 27/07/2012, via Xbox Blast)

Nunca deixo de me impressionar com a Xbox Live Arcade, que sempre me presenteia com jogos incríveis. A liberdade dada aos desenvolvedores, veteranos ou amadores, foi a abertura sem precedentes de um celeiro de ideias criativas e mentes geniais. Limbo, Braid, Super Meat Boy. São tantos clássicos que fica fácil entender do que estou falando. Entre essas ideias brilhantes, desenvolvidas com baixo orçamento e executadas com um primor raro de se ver até mesmo em títulos AAA, encontramos Bastion, um RPG de ação descolado, produzido por uma desenvolvedora novata que, mesmo sem arriscar muito, constrói suas próprias paredes sólidas dentro de um gênero saturado, mas não menos interessante.


Arriscando sem inovar ou inovando sem arriscar?


Lançado há alguns meses, Bastion é o jogo de estreia da desenvolvedora independente, Supergiant Games. O título, que já foi exclusivo da Live Arcade, é mais um daqueles jogos indie que despertam uma curiosidade inicial, mas que são sempre cercados de ceticismo.

De uma forma geral, Bastion é um RPG de ação que bebe diretamente da fonte de games como Diablo, da Blizzard. Na maior parte do tempo o jogo se resume a um hack'n slash frenético de progressão isométrica, onde os estágios são geralmente recheados de inimigos e bem lineares.


A primeira coisa a se notar em Bastion é a belíssima narração que acompanha o jogador e comenta tudo que acontece no jogo. Tudo mesmo. Diferente dos demais jogos, onde a história é contada através de cutscenes ou textos, em Bastion toda a história é contada em tempo real. E esse é um recurso bastante inovador e interessante, se fazendo presente como uma das principais inovações do game… ou a única.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=TptJHeWngJs[/youtube]

O narrador consegue entreter o jogador durante muito tempo e, por incrível que pareça, ele não fica chato com o tempo. Você pode até se irritar com certas piadinhas, como quando você cai em algum precipício ou troca de arma, mas de uma forma geral esse recurso foi muito bem utilizado e consegue tornar o jogo mais imersivo que outros do mesmo gênero que possuem um enredo mais profundo.

Bem-vindo ao Bastion


A história de Bastion não é aquilo que podemos considerar uma ousadia, se situando mais na linha do lugar comum e servindo apenas como uma justificativa a mais para o covarde ataque aos botões do controle do Xbox 360.

Como o próprio narrador diz, a história de Bastion não começa do início. Nas primeiras cenas você descobrirá que está sobre o controle do personagem conhecido apenas como “The Kid” e que tudo aquilo que o jovem personagem conhecia como mundo foi destruído pela “The Calamity” – calamidade em português. The Kid então parte para o Bastion, uma ilha flutuante que é o único lugar onde ele poderá recuperar Caelondia, sua cidade natal. Lá o garoto descobre que não é o único sobrevivente da catástrofe e que precisa recuperar o Bastion, que também foi atingido pela calamidade. Ele descobre ainda deverá partir em uma jornada à procura de determinadas pedras e artefatos que o ajudarão a reconstruir a ilha flutuante para, só então, salvar o mundo.

Arte interativa


Um dos maiores destaques de Bastion é a sua belíssima direção de arte. Apesar de simples, o estilo gráfico do game consegue utilizar muito bem os recursos oferecidos pelo Xbox 360. Da animação dos personagens aos cenários, tudo é muito lindo. Não se engane, mesmo não utilizando recursos poligonais o jogo é incrivelmente bonito. A impressão que dá é de que tudo no game foi pintado à mão.


Além disso, os cenários são construídos à medida que o personagem avança, algo que não inova, mas que agrada bastante os olhos.

A trilha sonora do jogo é outro ponto impecável. A seleção original de faixas é incrível e não seria exagero afirmar ela é uma das melhores de todos os tempos. Todas as composições são de autoria de Darren Korb e encantam pela ousadia, combinando muito bem com o estilo das fases.

Entrando no personagem


O gameplay é muito empolgante. Todos os pilares do gênero RPG foram mantidos aqui.

Existem várias armas, tanto de longo alcance (ranged) quanto de curto alcance (melee) e (quase) todas podem receber upgrades, que podem aumentar tanto o poder de fogo quando a capacidade delas. Cada arma possui, ainda, uma certa quantidade de secret skills relacionadas a elas, muito úteis durante as batalhas e momentos de aperto.


O personagem também evolui por levels, sendo que dez é o máximo. Mas não será tão fácil chegar ao nível máximo, sendo necessário que o jogador termine o game no mínimo duas vezes para tal. A medida que o jogador avança de level ele terá a disposição um novo upgrade, que é representado por espíritos e é um efeito passivo no jogo. Cada espírito (ou upgrade) ativa um efeito diferente, e fica a cargo do jogador escolher qual o efeito mais importante para seu modo de jogo. Um desses espíritos, por exemplo, ativa um efeito que aumenta em 10% as chances de um ataque crítico, mas que só funcionará quando o jogador estiver com o HP máximo. Cada jogador poderá fazer sua própria seleção de upgrades, tornando cada personagem único.

Os controles do jogo são um primor. A equipe da Supergiant conseguiu transpor a jogabilidade tradicional do combo mouse e teclado, típica de RPGs de ação, com melhorias para o controle do Xbox 360. Os controles são extremamente precisos, principalmente nas batalhas. A alternância entre armas é fácil e o sistema de trava de mira é bem útil para as armas de longo alcance.


Se me fosse permitido reclamar de algo, eu diria que a movimentação do personagem fica um pouco comprometida pelos pequenos espaços, o significa muitas quedas durante a jogatina. Mas, de fato, a culpa desse problema está mais relacionada ao sistema de progressão isométrica. Essa questão está tão evidente que existe até uma skill secreta relacionada à quedas.

Sonhe com os deuses


Vale muito a pena. O jogo custa apenas 1200 Microsoft Points, o que é uma bagatela, e entrega a você um dos melhores RPGs de ação dos últimos anos, além de uma aventura duradoura.

A campanha principal dura cerca de oito horas, o que é pouco para os padrões atuais da indústria, mas a existência de um modo “New Game+” pode até triplicar esse tempo. Isso porque existem no jogo diversos desafios, conhecidos como “Dreams”, que colocam à prova as capacidades do jogador em arenas mortais.

Além disso, o jogo possui um sistema de escolhas, de certa forma, primitivo, mas que pode alterar o final do game “drasticamente”.


É bom destacar, ainda, que a dificuldade do jogo é medida a partir de deuses. Existem ao todo dez deuses, que podem ser invocados pelo jogador e que trazem algumas vantagens. Se o jogador optar por não invocar nenhum deus, o jogo ficará mais fácil, porém, o jogador não receberá nenhum bônus extra, o que torna mais lento o desenvolvimento do personagem. A cada deus invocado, além de um bônus extra, você terá um aumento significativo na dificuldade do jogo, diferenciado por determinadas características. Alguns deuses podem tornar os inimigos mais fortes, outros tornam os inimigos invulneráveis a certos ataques. A escolha entre os dez deuses deve ser feita com cautela, mas é um prato cheio para os jogadores mais hardcore.

Só faltou mesmo um modo multiplayer, mas isso não é algo que comprometa o resultado final do título, que mostra que a Supergiant Games veio para ficar.

Prós



  • Uma das melhores trilhas sonoras de todos os tempos;

  • Visual impressionante para um jogo produzido por uma desenvolvedora independente;

  • Dificuldade na medida;

  • Preço;

  • Fator replay alto.


Contras



  • Ausência de modo multiplayer



Bastion - Xbox Live Arcade - Nota Final: 9.5


Gráficos: 10 | Som: 10 | Jogabilidade: 9.5 | Diversão: 9.5



Revisão: José Carlos Alves


Escreve para o Xbox Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

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