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Análise: Rare Replay (XBO) traz a história em forma de jogo

Coletânea da eterna gigante britânica leva trinta de seus principais clássicos para todos os fãs no Xbox One.


Essa análise começa no dia 16 de junho de 2015, primeiro dia de cobertura da E3. Como eu era um dos responsáveis por cobrir a Microsoft, fatalmente passaria pela parte da Rare no estande do Xbox. Era minha primeira vez em um evento do tipo, então não sabia muito bem como me comportar. Comecei testando Forza Motorsport 6 (XBO) e, graças à hospitalidade típica dos americanos, rapidamente, senti-me à vontade para conversar com quaisquer desenvolvedores que estivessem por la, independentemente de suas nacionalidades.

Aí chegou a vez de testar o Rare Replay. Confesso que só fui lá pela primeira vez porque queria ver se tinha algo de Sea of Thieves (XBO/PC), não me interessava muito por jogar uma coletânea de 30 ports durante a feira. Mas calhou de ter um cara jogando a maldita fase da motoca de Battletoads enquanto eu passava por lá, o que me parecia uma bela oportunidade para falar como eu odeio esse jogo (oportunidade esta que eu nunca perco, vide minha descrição no fim do texto). Obviamente, o jogador anônimo morreu, mas, de repente, ele rebobinou o jogo. Neste instante a Rare tinha acabado de receber minha atenção.

Conversar com os desenvolvedores de Rare Replay foi uma das minhas experiências antropológicas mais legais na E3. Como a Rare não possui em sua equipe mais ninguém do seu período dourado, a empresa hoje é formada por fãs que começaram a trabalhar por causa do amor que possuem pelos jogos, e estavam dispostos a vê-la no topo novamente. E foi com esse amor que Rare Replay foi concebido.

Ligando o jogo

É meio assustador receber trinta jogos para escolher e não ter a menor ideia de por onde começar. É o efeito do castelo da Disney: o parque tem tanta coisa pra você escolher que se não houvesse o castelo como ponto de partida, você ficaria perdido. Eu estava disposto a escolher um jogo que eu jamais havia visto nada na vida, e foi Sabre Wulf, de 1984, o primeiro a me chamar a atenção por causa do nome que alcunhou meu personagem favorito de Killer Instinct. Logo depois fui para o primeiro jogo dos irmãos Stamper, Jetpac, de 1983.

Sabre Wulf
Tempo é uma informação importantíssima para todos os jogos presentes. Uma característica da Rare é sua ambição de tirar o melhor de todos os aspectos técnicos em seus jogos e, por muitas vezes, eles conseguem. Jetpac, por exemplo, tem uma movimentação mais fluída que seu contemporâneo Donkey Kong 3, enquanto que Sabre Wulf introduzia de alguma forma o conceito de exploração de um mundo grande que so viria a se consagrar em The Legend of Zelda (NES). Claro que nem sempre dá certo, mas a ousadia é algo louvável.

Diferenças que fãs entendem

Até pegar o jogo, eu nunca havia jogado Conker’s Bad Fur Day na vida. Até por isso, foi o primeiro título que quis jogar pertencente à fase mais notável da Rare. A primeira coisa que notei é que este foi o único jogo no qual eles preferiram escolher a versão de Nintendo 64, não o remake para o Xbox. Isto porque a primeira versão é aquela que capta melhor a essência da proposta. O cuidado em manter a dublagem original, mesmo que isso signifique ouvir “Z” quando o botão sinalizado na caixa de texto é “LT”, é sinal do respeito que se teve ao manter aquilo que é bom. 

Essa decisão não significa que todos os aspectos originais foram mantidos. Jet Force Gemini, um third-person shooter do Nintendo 64, recebeu um patch que permite ao jogador usar controles mais modernos. Battletoads passou por melhorias também, corrigindo bugs que não deveriam existir, e tornando o jogo mais acessível. A ideia é trazer o melhor que a Rare tem a oferecer, seja a do passado, ou a do presente.

Um documentário em forma de jogo

Uma das funcionalidades que me deixou mais animado não está nos jogos. Existem galerias com artworks e vídeos sobre o processo de desenvolvimento dos jogos, uma verdadeira masterpiece para quem tem curiosidade em conhecer como tudo aconteceu. Infelizmente, é preciso destravar estas ferramentas desabilitando achievements, indisponibilizando o conteúdo para aqueles que não querem jogar os 30 jogos, ou preferem jogar sem conquistar troféus.


Rare Replay é um belo item de colecionador. É bastante história contada com o respeito que a Rare merece. Torço para que signifique um sinal de novos tempos adentrando a empresa, o que parece estar acontecendo por causa dos ares de renovação que a Microsoft respira com a liderança de Phil Spencer. A Rare, que por muitos anos esteve na vanguarda, pode ter neste especial o marco zero de uma nova guinada.

Esta análise não termina por aqui. Nós do Xbox Blast faremos um especial com uma série de jogos presentes na coletânea, a começar, no dia 14 de agosto, sexta-feira, com Jetpac. Acompanhe, e veja muita história passar por seus olhos.

Prós

  • Trinta jogos para aproveitar
  • Adaptações pontuais para garantir a melhor experiência
  • Manutenção das melhores decisões da empresa
  • Recursos como o save e rewind, para tornar jogos antigos mais acessíveis
  • 10000 gamerscore para os fanáticos por achievements

Contras

  • Videos e imagens extras precisam ser desbloqueadas.
Rare Replay — XBO — Nota: 8.0

Revisão: Jaime Ninice
Capa:Felipe Araujo

é engenheiro de computação e brinca de game designer nos tempos vagos. Acha que Mega Man X4 é o melhor jogo já feito e acha Battletoads o jogo mais superestimado da história. No pouco tempo que sobra, faz reflexões no Juiz Cachorro. Está no Facebook, mas fala muito mesmo no Twitter.

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