Deixando os zumbis de lado
Depois de sobreviverem ao ataque dos zumbis à farmácia onde estavam abrigados, o grupo de Lee e Clementine passou a viver em um hotel abandonado, um local aparentemente seguro.No entanto, a comida se tornou escassa e, para sobreviverem, o grupo passou a fazer revezamento de comida, deixando alguns deles em jejuns prolongados. O problema é que a falta de comida acabou afetando a união do grupo, criando uma rixa entre dois personagens que querem a liderança para si e gerando uma situação constrangedora para Lee, que deverá escolher um dos dois lados (ou ficar em cima do muro). A iminente quebra do grupo é o foco principal do episódio.
E é nesse momento de tensão que surge uma aparente solução. Um outro grupo de sobreviventes aparece e os oferece comida em troca de gasolina, uma proposta praticamente irrecusável. Só que nem tudo que reluz é ouro e o outro grupo parece esconder um segredo muito obscuro que deixa Lee bastante preocupado.
Como um jogo de ação
Starved for Help é um pouco diferente do primeiro episódio, A New Day. Se A New Day focou nos longos diálogos e reservou a violência apenas para os momentos críticos, Starved for Help abusa de cenas fortes já nos primeiros minutos. São cenas tão pesadas que, mesmo utilizando um visual parecido com o dos quadrinhos, foi difícil manter os olhos grudados na tela.É incrível a ousadia da Telltale Games. Só neste episódio, o jogador se depara com mutilações, tiros, muito sangue e até miolos espalhados pelo chão. Haja estômago.
Infelizmente, nem mesmo essas grandes cenas de ação foram o suficiente para que houvesse alguma variação no gameplay. Todas as mecânicas são exatamente as mesmas do primeiro episódio, o que é natural, mas não deixa de ser desinteressante.
Sem dúvida, os melhores momentos do episódio são os de tensão e suspense. Em várias ocasiões, você se sentirá angustiado ou amedrontado, simplesmente por não saber o que virá em seguida. Na maior parte do tempo, o enredo será entregue de forma gradual e misteriosa, passando uma falsa sensação de segurança e alimentando uma grande bomba-relógio que explodirá e levará tudo que estiver por perto.
Decisões mais difíceis
O segundo episódio de The Walking Dead reservou as piores decisões até então. E quando eu digo piores, eu quero dizer as mais difíceis. São diversos momentos de saias justíssimas que podem causar um impacto muito forte nos episódios seguintes.Em determinado momento, por exemplo, o jogador deverá dividir os suprimentos com os sobreviventes. O problema é que o alimento disponível não é suficiente para todos os sobreviventes, fazendo com que alguns fiquem sem ter o que comer. É nessa hora que a coisa pega. Quem deverá ser priorizado? E como ficará as relações com os sobreviventes que não receberem a comida? No entanto, a maioria dos jogadores, aparentemente, escolheu as mesmas pessoas.
No mesmo nível do anterior
The Walking Dead: Episode 2 ainda é o mesmo jogo, com o mesmo visual e os mesmos problemas técnicos. Ainda temos certas inconsistências nos diálogos, principalmente quando não há o que se dizer, e ainda temos cortes de cenas abruptos, que geram efeitos bem desagradáveis.Os puzzles, que foram abundantes em A New Day, quase não apareceram neste episódio, criando uma sensação de estranheza. Não que isso seja um ponto negativo, longe disso, mas em determinados momentos o jogo perde a essência "adventure" e se torna uma história interativa.
Outro ponto questionável diz respeito às escolhas. Algumas escolhas do primeiro episódio parecem não terem surtido efeito. A escolha entre Carley e Doug, por exemplo, não gerou muito impactos, principalmente por ter sido evitada pela própria equipe da Telltale Games. A sensação que dá é de que estamos sendo enganados (ou enganando as nós mesmos). De que adianta escolher entre A e B se o resultado final será o mesmo? Isso é algo que a Telltale ainda precisa trabalhar mais, mas que não compromete a história ― apenas cria uma limitação desnecessária.
De uma forma geral, Starved for Help dá um gás extra a The Walking Dead e é capaz de deixar os jogadores bem mais interessados no universo de Robert Kirkman. A falta de foco nos mortos-vivos foi uma escolha interessante e, graças a isso, pudemos conhecer melhor cada personagem, nos imergindo ainda mais na história. O segundo episódio de The Walking Dead prova que a Telltale Games está conseguindo criar uma história única, capaz de nos passar uma série de sentimentos e de desafiar todas as antigas regras impostas aos videogames. Estamos diante de um jogo com muito potencial, que não deve em nada a um livro ou filme. Infelizmente, The Walking Dead: Episode 2 ainda não está disponível na Live Arcade brasileira, mas, caso você possua uma conta norte-americana, você já pode conferi-lo por 400 MS Points. Para isso, será necessário possuir o primeiro episódio.
Prós
- Mais imersivo;
- História bem trabalhada;
- Muitas situações inéditas nos videogames.
Contras
- Os bugs do primeiro episódio não foram resolvidos;
- A ausência de puzzles descaracterizou o gênero adventure;
- Algumas escolhas do primeiro episódio não surtiram efeito no segundo.
The Walking Dead: Episode 2 - Xbox Live Arcade - Nota: 8.5Visual: 8.0 | Som: 9.0 | Jogabilidade : 8.0 | Diversão: 10
Revisão: Gabriel Toschi
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