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Análise: Quantum Conundrum (XBLA)

Os muitos fãs do game Portal provavelmente irão gostar de Quantum Conundrum , pois lembra em muitas características o jogo da Valve, ... (por Alberto Canen em 24/11/2012, via Xbox Blast)

Os muitos fãs do game Portal provavelmente irão gostar de Quantum Conundrum, pois lembra em muitas características o jogo da Valve, mas não o suficiente para o considerarmos um clone. Na verdade, essa semelhança deve-se ao fato de Kim Swift, uma das criadoras de Portal, estar à frente desse novo projeto, desenvolvido pela Airtight Games. A ideia é a mesma: um jogo no estilo puzzle com plataforma, utilizando visão em primeira pessoa, adicionando uma singela dose de humor. Uma ótima fórmula, mas com resultados distintos.

Deixando as semelhanças com o jogo da Valve de lado, Quantum Conundrum (enigma quântico) tem a sua própria personalidade e forma de desafiar as leis da física. Você encara os desafios na pele do sobrinho do cientista louco Fitz Quadwrangle, que descobriu que seu tio está preso em outra dimensão, ao visitá-lo em sua mansão. Como parente é para essas coisas, você deve ajudar o seu tio a sair dessa situação. Durante a jogatina, Quadwrangle será a voz que o guiará, dizendo o que deve ser feito e até mesmo dando dicas, nas vezes em que você demorar muito para resolver um enigma. Para resolver essa situação, o objetivo será religar os três geradores da mansão, e é claro que eles não estão no mesmo local, sendo necessário passar por muitos desafios para chegar até eles.

Dimensões e enigmas

Os enigmas todos são relacionados às mudanças de dimensões. Para isso, o jogador adquire uma luva especial com o poder de alternar entre as quatro dimensões apresentadas durante a jogatina. Mas não se trata de ser transferido para um outro espaço, e sim de estar no mesmo local com algumas regras da física alteradas. Vale lembrar que nós mesmos não somos afetados por essas mudanças, pois contamos com a alta tecnologia da luva para nos ajudar.

Essa luva é o Inter-Dimensional Shift Device (Dispositivo de Mudança entre Dimensões)
Inicialmente, podemos mudar para a dimensão leve (Fluffy Dimension), que como o nome indica, deixa os objetos bem mais leves. Dessa forma, objetos pesados, como cofres e poltronas, podem ser facilmente carregados ou arremessados, até mesmo um forte vento pode fazê-los sair do chão. O que deve ser feito é alternar entre a dimensão normal e a leve para desvendar os enigmas.

Da dimensão normal para a leve: aquele sofá fica fácil de ser carregado
Com o andar do jogo, mais três dimensões são acrescentadas (uma a uma), e em consequência, mais complexidade na forma de solucionar os puzzles também. As outras dimensões são: pesada (Heavy), que tem o efeito de deixar os objetos bem mais pesados do que o normal, ao contrário da dimensão leve; câmera lenta (Slow Motion), que faz o tempo correr lentamente, enquanto você anda em velocidade normal; e gravidade reversa (Reverse Gravity), que faz tudo que não estiver amarrado no chão flutuar, o que possibilita a você subir em um objeto para chegar em altitudes mais elevadas.

Com a gravidade reversa, é só subir em uma mesa e ser levado até em cima
Usando a dimensão pesada, o cofre pode passar sem problemas pelos lasers
Todas essas habilidades são apresentadas gradualmente ao decorrer do jogo, permitindo que o jogador se acostume com elas antes de aumentar a complexidade dos enigmas. O segredo está em saber alternar entre as dimensões na medida e ordem certa para descobrir a solução para cada situação. Os puzzles são bem intuitivos e não são difíceis ao ponto de queimar os neurônios de ninguém, mas têm um bom nível de dificuldade, que não permitirá que o jogador passe direto pela fase, mas também não deixará ninguém parado sem saber o que fazer por um longo período de tempo. Mas caso isso aconteça, sempre teremos uma dica do "titio cientista maluco".

Mansão de plataformas

A capacidade de alternar as dimensões para resolver os puzzles é acompanhada de uma pequena dose do estilo plataforma. Se Quantum Conundrum fosse meramente um jogo de plataforma, certamente estaria fadado ao fracasso, pois esse não é o forte do game. Ficar saltando com a câmera posicionada em primeira pessoa é uma experiência frustrante, pois não há como ter uma medida precisa de onde se está pisando. Mais sábio seria poder alternar para uma visão em terceira pessoa nos momentos em que alguns saltos mais complicados fossem necessários. Felizmente, não são tantas situações que pedem por pulos e muitas que exigem raciocínio.

Essa não é a melhor das visões para um salto certeiro
A mansão do Dr. Fitz Quadwrangle, que serve de palco para o jogo, não é exatamente o local em que um cientista tão excêntrico provavelmente moraria. A verdade é que os ambientes não foram tão bem trabalhados e são muito repetitivos. A decoração é toda feita com as mesmas poltronas, mesas, cofres, corredores e alguns quadros engraçados para quebrar um pouco a monotonia que nos ronda. Ainda bem que a música não seguiu esse mesmo caminho, graças ao talento do compositor Chris Ballew, merecendo destaque a animadíssima música-tema do game: Flip a Swtich.

Os quadros mudam ao alternar as dimensões: uma divertida forma de quebrar a monotonia do ambiente
Ike, o gato maluco do Dr. Quadwrangle: brincadeira com o álbum Nevermind, do Nirvana

Enigma resolvido

É verdade que pode haver, a princípio, muita comparação com o jogo Portal. Mas como disse Kim Swift, eles são jogos diferentes com o mesmo gênero, afinal "você não vai dizer que Half-Life 2 é a mesma coisa que Doom". Contudo, se você gostou de um, provavelmente gostará do outro, mesmo que Portal seja um jogo mais polido e melhor desenvolvido. Quantum conundrum não vai virar uma série, mas com a sua jogatina criativa e puzzles com uma dificuldade moderada, é uma ótima alternativa para aqueles que estão esperando por um Portal 3.

Prós

  • Puzzles com dificuldade gradativa na medida certa;
  • Mecânica de jogo simples e divertida;
  • Ótima trilha sonora.

Contras

  • Visual mal trabalhado e repetitivo;
  • A parte de plataforma não é tão bem feita quanto a de puzzle;
Quantum Conundrum - XBLA - Nota final: 7.5
Visual: 6.5 | Som: 8.0 | Jogabilidade: 7.5 | Diversão: 8.0

Revisão: Leonardo Nazareth Pereira

é formado em Direito pela UFRN. Joga videogame desde os tempos do Atari e sempre acompanha as novidades na indústria de jogos. Está no Facebook e no Twitter.

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