Um dos maiores pontos de debate na atual geração gira em torno de um elemento que é fundamental para a indústria de videogames desde o s... (por Fellipe Mariano em 09/02/2013, via Xbox Blast)
Um dos maiores pontos de debate na atual geração gira em
torno de um elemento que é fundamental para a indústria de videogames desde o
seu surgimento. Gráficos são realmente importantes? Qual seu real papel dentro
de um jogo? Evolução gráfica é sinal de evolução nos videogames? Todas essas
perguntas estão diretamente ligadas à rápida mudança de hardware e tecnologias
que envolvem o desenvolvimento dessa indústria. Em algum ponto, entretanto,
parece que a maior parte dos críticos e jogadores tem levantado uma bandeira
estranhamente incoerente: gráficos não são importantes!
A necessidade da imagem
Uma das primeiras coisas que temos que concordam quando
entramos no assunto gráficos é que sua evolução é rápida e inevitável. Tendo
isso em mente, devemos também entender que os videogames são um
subproduto
direto dos antigos televisores e, de inicio, eram justamente elementos em uma
TV com os quais nós poderíamos interagir. Atualmente essa realidade é quase a
mesma: videogames são sequências de
imagens interativas, com suporte de
elementos sonoros e diferentes formas e níveis de interação. Nesse ponto é
evidente que os games não existem e nem existiriam sem a resposta visual de
nossas TVs e monitores. Mas o que isso quer realmente dizer?
Instrumento narrativo
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Ocarina of Time e seu Link tridimensional |
Os primeiros jogos eletrônicos eram simples elementos
abstratos que se interagiam, apresentando regras simples e objetivos bem
diretos, como no jogo PONG. Mas assim que a tecnologia permitiu avanços
significativos, os desenvolvedores perceberam um
potencial narrativo ainda não
explorado. A partir desse momento os jogos podiam contar histórias e
transportar os jogadores para um novo mundo, e foi nesse momento que os
gráficos assumiram uma posição de destaque. Os personagens passaram a contar
com cores e elementos que identificavam o que ele fazia ou davam alguma
informação complementar para ele. Da mesma forma os cenários começaram a
mostrar planos de fundo e matizes de cores que simulavam volume nos objetos. Os
videogames então passaram a ser capazes de expressar ideias e começaram a
ganhar status de
forma de arte.
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Metal Gear mostrou o potencial do Playstation |
Desde então a constante evolução técnica e de hardware tem
possibilitado a criação de infindáveis jogos, levando jogadores em uma imersão
nunca antes possível. Um clássico exemplo é The Legend of Zelda: Ocarina of
Time (N64), primeiro título da franquia a ser transportado ao mundo
tridimensional, até hoje o melhor jogo da história. É inevitável associar o
sucesso do jogo à sua
narrativa e imersão, que por sua vez são indissociáveis
da notável evolução gráfica do jogo. Inúmeros exemplos similares podem ser
citados, como Mario 64 (N64), Metal Gear Solid (PS), Shenmue (DC) e Resident
Evil. Até mesmo jogos em 2D se beneficiaram da evolução gráfica da época e se
destacavam das gerações anteriores, como Super Metroid (SNES), Streets of Rage
(MegaDrive) e jogos de PC como Prince of Persia (Apple II / MS-DOS).
Ao longo da história dos games os gráficos foram a principal
ferramenta na criação de universos críveis ou fantásticos e tem grande parcela
de responsabilidade na diversão proporcionada por um jogo, quer seja pela
imersão que eles podem oferecer ou pelo impacto estético e visual que eles
proporcionam. Entender que os gráficos são importantes não é uma tarefa
complicada, mas iniciar um debate sobre o que são bons gráficos pode adicionar
um toque de complexidade (e subjetividade) à questão.
Qual é o padrão?
Apesar do constante progresso, os gráficos em jogos não se
tornam “bons” somente porque possuem maior nível técnico que as gerações
anteriores. Muitas vezes, jogos lançados há muitos anos podem continuar com bom
apelo visual. Mas o que define isso?
Imagine um jogo eletrônico, em especial sua parte gráfica,
como uma pintura exposta em uma galeria de arte. Diversos estilos de pinturas e
pintores coexistem nesse mesmo espaço com apreciadores muitas vezes diferentes.
Agora imagine a grande gama de técnicas de pintura, tintas e estilos, todos ali,
lado a lado, expostos sem nunca depreciarem uns aos outros. É assim que são os
jogos eletrônicos, ou pelo menos deveriam ser.
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Call of Duty e seus gráficos realistas |
Um bom gráfico é aquele que, à sua época, fez bom uso dos
recursos técnicos para criar elementos ao mesmo tempo
criativos e coerentes com
o objetivo do jogo. Jogos de tiro se beneficiam de gráficos realistas, pois
conferem maior imersão e tornam eles mais críveis. Jogos infantis usam cores
vivas e design caricato como forma de cativar o seu
público alvo. É evidente
que em realismo os jogos de tiro são melhores do que os infantis, mas eles não satisfazem
todos os públicos, exatamente como uma pintura. É necessário entender que
existe um padrão e estilo gráfico mais adequado para o que cada jogo se propõe
a ser. Jogos
indie muitas vezes possuem gráficos 2D simples, mas sempre bem
utilizados dentro do contexto do jogo. Isso não torna seus gráficos piores do
que jogos tridimensionais, apenas mais adequados ao contexto (e muitas vezes
orçamento) que o jogo possui.
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Street Fighter II ditou tendência nos gráficos |
Temos ainda a questão da idade de determinado jogo, mas esse
é justamente o ponto onde vemos que uma boa dose de
criatividade e competência
consegue superar as limitações temporais dos jogos. Jogos como Street Fighter
II continuam tão belos como eram há anos atrás, apesar de estarem muito aquém
(do ponto de vista gráfico) dos jogos atuais da mesma franquia. Isso é
resultado de boas escolhas quanto ao design e criatividade na hora da execução,
que ajudaram o jogo a criar um padrão de referência que foi seguido por
diversos outros jogos, até mesmo de outras franquias.
O quão importante são os gráficos em um jogo, varia de
pessoa para pessoa, mas inevitavelmente é preciso admitir que sem boas soluções
gráficas até mesmo jogos com boas propostas não conseguem atingir seu público.
E pra você leitor, os gráficos são importantes?
Revisão: José Carlos Alves
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