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Análise: Titanfall é o primeiro grande jogo do Xbox One

O título multiplayer da Respawn Entertainment faz bonito, mas fica devendo em conteúdo


Desde a revolução multiplayer ocasionada pelo lançamento de GoldenEye 007 (N64), no já distante ano de 1997, os jogos de tiro em primeira pessoa vêm evoluindo a cada ano, ora com jogos que apenas tentam se aproveitar do sucesso do gênero, ora com produções que têm o objetivo de reinventar a roda. A verdade é que após a popularização dos jogos online, o gênero se tornou um dos mais populares da indústria e os jogos começaram a se tornar cada vez mais genéricos e sem grandes novidades. Exceto por marcos como Halo (XB) e o já distante primeiro Modern Warfare (Multi), o mercado foi infestado por jogos muito parecidos, mas que mesmo assim eram capazes de cativar os jogadores com sua jogabilidade viciante e o enorme fator replay que proporcionam. Titanfall é mais um daqueles jogos que chegam tentando reinventar o gênero e, mesmo com sua inegável qualidade, não consegue se afastar demais dos conceitos que lhe deram origem.

O poder do hype

Logo que foi anunciado, um pouco antes da E3 do ano passado, Titanfall já era recebido como um dos possíveis melhores jogos de todos os tempos. Desenvolvido pela Respawn Entertainment, empresa formada pelos veteranos responsáveis pela criação do segmento Modern Warfare da franquia Call of Duty, Titanfall recebeu mais de sessenta prêmios logo após seu anúncio. A Microsoft, sempre muito habilidosa com o marketing de seus produtos (exceto pelo de seu novo console), criou uma grande expectativa em todos os jogadores, prometendo uma verdadeira revolução nos shooters com o jogo que viria a ser o carro chefe do primeiro ano de vida do Xbox One.

Quando anunciado, Titanfall chocou quase todos os presentes na E3
Para todos que acompanham notícias de jogos, Titanfall se tornou um assunto recorrente em qualquer grande portal que embarcara no hype train da Microsoft, e cada novo Titan — os mechs do jogo — ou mapa revelado, causava o maior rebuliço em toda a comunidade. Havia os que não suportavam a ideia de que mais um shooter seria o grande lançamento do Xbox One e outros que mal podiam conter a ansiedade e pagariam o preço que fosse para poder jogar a grande promessa da nova geração. Com o seu lançamento na semana passada, as vendas do Xbox One subiram bastante e a Microsoft conseguiu o que queria: chamar a atenção para os seus produtos.

Mas e o jogo?

Titanfall é um shooter sem campanha single-player e focado unicamente na jogabilidade via rede. Isso mesmo. Não é possível nem mesmo jogar em tela dividida, o que limita bastante as opções do jogador. Passando-se em um futuro em que duas facções guerreiam incessantemente pelo poder, o jogador assume o papel de um piloto, que nada mais é do que um soldado capaz de pilotar um Titan, a mais poderosa arma possuída pelos dois grupos. Exceto por um excelente tutorial de introdução, em que o jogador aprende todas as habilidades básicas dos pilotos e seus Titans, o jogador nunca mais ficará sozinho no campo de batalha, e todo o restante do título deverá ser jogado em rede.

Controlar um Titan é uma das coisas mais divertidas do jogo
Titanfall possui uma pseudo campanha que nada mais é do que partidas multiplayer com uma cutscene introdutória. Apesar de não trazer nada de diferente das partidas comuns, o modo serve para que o jogador aprenda melhor sobre a jogabilidade e sobre os mapas do título, além de poder destravar novas habilidades, Titans e equipamentos para aprimorar sua performance no jogo. Cada fase é disputada por seis jogadores de cada lado e vários bots que se tornam alvos muito fáceis nos extensos mapas do jogo. Durante as partidas, diversos desafios são propostos ao jogador, e cada ação realizada no campo de batalha rende pontos de experiência que, como de praxe, servem para destravar mais itens para seu piloto. Além disso, ações bem sucedidas no campo de batalha fazem com que um contador na lateral da tela diminua mais rapidamente. Tal contador alerta quando o Titan do jogador estará disponível para ser utilizado. Ao chamar o gigantesco mech, ele literalmente cai do céu, e o jogador pode optar por embarcar no robô ou por apenas colocá-lo em piloto automático. No controle de um Titan, o jogador se sente muito mais poderoso e é capaz de esmagar qualquer piloto que se atrever a cruzar seu caminho. Mas nem sempre tudo é tão simples assim.

A sacada da Respawn

Talvez a maior qualidade de Titanfall seja o incrível equilíbrio entre as habilidades que os jogadores podem utilizar no campo de batalha. Os Titans, que são extremamente poderosos, são também bastante vulneráveis, de forma que pilotos a pé são capazes de destruí-los com uma arma especial para confrontá-los ou mesmo montando em suas costas e destruindo seu processador central. Contudo, aproximar-se de um Titan é uma tarefa bastante complicada, porém divertida, já que o jogador sente que está correndo perigo, mas ainda assim quer sair de cena como um herói. Para balancear as capacidades dos pilotos perante seus colossais inimigos, eles são capazes de andar pelas paredes, executar saltos duplos e possuem uma agilidade que deixaria até Faith (Mirror’s Edge) com inveja. E aí está a magia de Titanfall.

Muito ágeis, os pilotos podem destruir um Titan sem muita dificuldade
Apesar do grande poder dos Titans, controlar um piloto pode ser ainda mais prazeroso do que sair destruindo tudo pela frente a bordo dos robôs gigantes, e os cenários foram criados cuidadosamente para que os jogadores percebam isso. Com mapas extensos, tanto verticalmente quanto horizontalmente, o jogador se sente em um gigantesco playground em que sua imaginação é o limite. Praticamente qualquer ponto do mapa pode ser acessado, seja a bordo de um Titan ou a pé, e centenas de estratégias podem ser adotadas a cada partida. Além disso, a probabilidade dos jogadores executarem ações épicas durante uma partida é enorme, o que faz com que o jogo se torne bastante viciante, pelo menos nos primeiros dias de jogatina.

A jogabilidade vertical de Titanfall é bastante inovadora para o gênero
A Respawn desenvolveu um shooter competitivo tão competente, que os jogadores se sentem satisfeitos até ao perder uma batalha, já que ainda é possível escapar do mapa a bordo de uma nave de resgate, dando, para aqueles que foram derrotados, um desafio final que, se completado, acaba criando uma sensação de vitória. Os quinze mapas disponíveis no jogo foram construídos com todo o cuidado, com diversas passagens e atalhos, paredes para parkour e áreas enormes para que os Titans possam se matar em paz e isso dá um toque de variedade imenso ao título, que apresenta algo novo a cada nova partida.

Bom? Sim! Justo? Não

Apesar da inegável qualidade do título, que se consagra como uma das maiores experiências multiplayer dos últimos anos, é impossível ignorar que Titanfall é um jogo que custa 60 dólares — ou assustadores 250 reais no Brasil — e ainda assim não possui um modo single-player e tampouco a mesma quantidade de opções de seus grandes concorrentes no mercado, como Battlefield e Call of Duty. Apesar da incrível jogabilidade oferecida pelo título, Titanfall possui poucos mapas, poucas opções de customização e poucas armas se comparado a seus concorrentes. E isso é imperdoável para um jogo que deixou de lado os modos off-line para dar atenção total ao multiplayer competitivo. Obviamente a Respawn deve estar trabalhando em novos mapas e até mesmo em armas para serem disponibilizadas via DLC, mas os sessenta dólares já não foram o suficiente? Jogos de tiro competitivo geralmente são gratuitos ou possuem um preço abaixo do normal, já que novos conteúdos são lançados e o jogador que curtiu o título acaba se vendo na obrigação de comprá-los. Titanfall é uma excelente experiência pela metade oferecida a preço de jogo completo, e isso mal é percebido diante de todo o hype criado pela Microsoft.

A campanha possui algumas poucas cenas que não fazem diferença nenhuma

Nova geração? Quase lá

Titanfall no Xbox One não roda em Full HD, e seus gráficos não chegam a impressionar em nenhum momento. Não que o jogo seja feio, muito pelo contrário. Rodando a 60 quadros por segundo em campos de batalha caóticos e cheios de elementos espalhados por todos os cantos, o jogo impressiona pela fluidez com que tudo acontece. Os controles são extremamente precisos, seja dos pesados Titans ou dos pilotos, que possuem movimentos extremamente complexos e ainda assim fáceis de executar. Durante o tempo que joguei, poucas vezes me deparei com alguma lentidão, exceto por um momento em que muitos Titans batalhavam no mesmo lugar, em que o jogo engasgou um pouco, mas sem prejudicar em nada a experiência. Não muito definidas, as texturas foram sacrificadas em prol de toda essa fluidez, e é sinal de que as desenvolvedoras ainda estão aprendendo a utilizar o novo console da Microsoft em sua totalidade, algo que deve levar alguns anos para acontecer.

Os gráficos são muito bonitos, mas jogos como Ryse são muito mais belos
Os efeitos sonoros, por sua vez, fazem bonito, e jogar Titanfall com o volume alto é uma experiência catártica! Os sons de explosões, Titans sendo explodidos e até mesmo das armas são extremamente realistas e bem reproduzidos. Somados às composições épicas utilizadas no jogo, o jogador se sente de fato dentro de um enorme campo de batalha, algo muito mais imersivo do que é oferecido por jogos do gênero.

No caminho certo

Titanfall é um excelente jogo, mas está muito longe de ser a revolução prometida pela Respawn e a Microsoft. Com uma jogabilidade precisa, mapas imensos e um balanceamento pouco visto em jogos do gênero, o título divertirá todos aqueles que buscam um bom shooter competitivo. Entretanto, a falta de uma campanha single-player — que poderia servir pelo menos para que os jogadores se adaptassem ao universo do jogo — e mais opções de customização aos pilotos e mechs fazem com que o jogo não mereça custar o mesmo preço que um jogo retail. Futuros DLCs aumentarão o conteúdo do título, mas o investimento provavelmente chegará a algo próximo de 100 dólares, o que é um abuso e só está sendo aceito pelo enorme hype criado em cima do título. Esperemos que a inevitável sequência pegue tudo de bom que Titanfall introduziu ao mercado e leve ao patamar que a franquia merece estar. Só espero que o fato de o jogo deixar de ser um exclusivo em sua sequência não tire todo o brilho que os fãs do console da Microsoft enxergam no jogo.


Prós

  • Jogabilidade viciante e precisa;
  • Enorme quantidade de momentos épicos;
  • Acessível e ainda assim profundo;
  • Batalhas fluidas e divertidas;
  • Mapas extremamente bem construídos.

Contras

  • Falta de campanha single-player;
  • Poucas opções de armas e customização em relação a seus concorrentes;
  • Gráficos abaixo do esperado;
  • Falta de multiplayer em tela dividida;
  • Campanha multiplayer sem graça.
Titanfall – Xbox One – Nota 7.0
Revisão: Jaime Ninice
Capa: Diego Migueis

Escreve para o Xbox Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

Comentários

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  1. Como assim? Não possuir um single é sem sentido, é o mesmo que dar um tapa na cara do jogador.

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  2. Se pegarmos o que foi dito sobre as últimas versões de Cod e BF, veremos grande parte dos jogadores afirmando que nem sequer jogaram a campanha single-player e foram direto ao modo multi-player, porque é isso o que importa nesses jogos. Sei que sentirei falta da campanha, mas o foco do jogo é jogatina on-line. O que me preocupa é o pouco conteúdo oferecido nesse início de vida do título já no modo multi-player.

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