Blast Log

Alan Wake (X360) - Parte 3: Resgate sem refém

As peças começam a se encaixar e segredos emergem da escuridão na terceira parte do diário de bordo do protagonista de Alan Wake!

A vida de Alan Wake nunca foi tão conturbada como tem sido nos últimos dias. Desde que chegou a Bright Falls, o escritor já foi atacado por criaturas das sombras, teve de aprender a usar uma lanterna como arma e perdeu uma semana de sua vida sem saber o motivo. Para completar, sua esposa desapareceu e um misterioso manuscrito cujo as páginas estão espalhadas por toda parte parecem narrar eventos do presente, passado e futuro. O curioso é que, aparentemente, foi o próprio Alan que os escreveu. Com um misterioso sequestrador interessado no livro profético, Wake terá de fazer o possível para conseguir as páginas, reaver sua esposa e evitar a escuridão que almeja seu fim. Isso e muito mais vocês conferem na terceira parte do nosso Blast Log de Alan Wake (X360)!
Antes de ler, esteja certo de que já viu as partes anteriores!

Parte 1: Um pesadelo acordado
Parte 2: Tomados pela escuridão

Episódio 3: Compensação (Parte 1/3)

Era irônico estar com meu destino nas mãos de quem me encheu de dor de cabeça.
A situação estava estranha demais para o meu gosto. Eu não conseguia entender como raios Rose conseguiu colocar as mãos em todo o manuscrito, mas não podia desperdiçar a chance de encontrar as páginas e encontrar com o sequestrador. Barry parecia confiante, mas eu não conseguia levar ele a sério; ele estava interessado em Rose. Suspirei, descrente, beirando o desespero. O que mais poderia acontecer para acabar com o meu dia logo pela manhã?

Meu celular tocou. Assim que atendi, a xerife Sarah Breaker estava um pouco tensa. Ela me disse que alguém do FBI estava na delegacia, agente Nightingale, e ele queria muito me ver. Ótimo. Chegamos no acampamento de trailers fora da cidade, onde Rose morava, mas teríamos de ser rápidos. Minha experiência diz que não é bom deixar autoridades esperando demais. Para acelerar o papo, pedi para Barry me resumir o que ele havia descoberto de Bright Falls em sua pesquisa matutina.

Por algum motivo, não confiava
naquele que nos guiava.
Segundo ele, a cidade sempre foi louca. Sua história era cheia de desaparecimentos, mortes misteriosas e lendas urbanas se tornando verdade, e tudo acontecia nos arredores de Cauldron Lake. A ilha no centro dele, a qual eu achei ter me hospedado até me mostrarem que ela não existia, pertencia a um escritor chamado Thomas Zane. Ele era fã de mergulhos, tanto que nomeou a ilha “Diver’s Isle”, ou “Ilha do Mergulhador”. Contudo, Barry não encontrou nenhum material dele, e se estivesse na ilha, era irrecuperável; a estrutura cedeu e afundou no lago na década de 70, com uma erupção de um vulcão na lagoa..

Essas revelações me faziam doer a cabeça enquanto andava até o trailer de Rose. Eu lembro de ter visto livros de Thomas Zane quando fui na ilha. No meu pesadelo havia um cartaz com os dizeres “Tom, o Poeta”, com uma pessoa em roupas de mergulho. Aquela voz, aquela luz saiu daquele cartaz. Seria Zane tentando me avisar de algo antes mesmo de eu chegar na cidade? Me alertando da escuridão que eu poderia enfrentar? Pensar nisso estava me deixando enjoado.

Os escritores sempre foram
dependentes da loucura, mas
acho que nunca do jeito
que estou sendo.
As histórias não haviam acabado. Barry retomou dizendo que, uma semana antes da ilha afundar, uma mulher se afogou em Cauldron Lake. Barbara Jagger, amante de Thomas. A mulher se tornou uma lenda urbana, segundo o homem que nos guiava para o trailer de Rose; uma mulher de preto que vai atrás de você na escuridão. Um calafrio passou pelo meu corpo, imperceptível aos meus acompanhantes. Claro que a situação piorou quando meu amigo concluiu seu relato, dizendo que todos os artigos referentes a esse assunto foram escritos por Cynthia Weaver, a moça com a lamparina no corredor escuro da lanchonete.

Chegamos na casa. Rose atendeu a porta, mas sua voz parecia estranha, mecânica. Entramos e nos sentamos, mas aquele ambiente estava me deixando tenso. Fui grosso, de certa forma, ao clamar por meus manuscritos que ela afirmou possuir sem nem agradecer pela hospitalidade, mas a resposta me deixou ainda mais irritado: “Eu sei o que você precisa, de uma musa para te inspirar”. Eu me levantei irado, mas senti o chão fugindo dos meus pés. Barry apagou, e eu senti que estava indo em seguida. Havia alguma coisa no café que ela nos ofereceu, e eu só percebi tarde demais.

Eu não sabia se era um
pesadelo vívido...
Eu estava em um nevoeiro sombrio, não podia ver nada além da luz em volta do meu corpo. Aquela voz do meu sonho se manifestou, dizendo que algo estava vindo atrás de mim, sob a pele de sua amada Barbara. Ele não tinha forças para parar essa coisa, então pediu que eu acendesse a luz, pois só assim ele teria forças. A voz dele se calou e a voz da mulher de preto começou a ecoar, confirmando o que dissera que iria visitar a mim e a minha esposa, e agora queria que eu terminasse o que comecei. Tudo ficou escuro, eu abri os olhos e vi ela diante de mim, me fitando com um olhar mortal.

“De volta ao trabalho, garoto.”
...ou se estava vivendo um pesadelo.

Episódio 3: Compensação (Parte 2/3)

Eu me pergunto por que eu gravaria esses vídeos. Seria uma forma de me comunicar com alguém? Talvez comigo mesmo?
Me levantei em desespero, quase indo ao chão ao correr até o interruptor para acender a luz. Não havia ninguém além de mim naquele quarto rosa e cheio de fotos minhas. Aquele devia ser o quarto de Rose. Enquanto me situava, a televisão ligou sozinha, exibindo uma imagem de mim falando sozinho, afirmando que já não conseguia diferenciar realidade de sonho, mas que estava conseguindo escrever cada vez mais rápido graças à ajuda de uma editora imaginária que batizei de Barbara Jagger, uma mulher de luto que estava fazendo do meu livro cada vez mais dela e menos de mim. Eu saí dali imediatamente, sem entender o que raios era aquilo. Seria uma gravação da semana que perdi?

Falando em perder tempo, eu apaguei até o anoitecer. Agora eu tinha menos de doze horas até encontrar com o sequestrador e não tinha nada em mãos. Ironicamente, foi só eu dizer isso e encontrei algumas páginas no chão em meu caminho até o carro. Uma afirmava que o homem que nos guiou até Rose havia ligado para a xerife por suspeitar de Barry e de mim, enquanto a outra falava sobre a escuridão que tomou a forma de Barbara. Estremeci. Droga, o agente do FBI! Eu o deixei esperando um dia todo, isso era um péssimo começo. Quando estava chegando no carro, vi as consequências do meu atraso.

Já me ameaçaram antes, mas
nunca com essa intensidade.
Agente Nightingale estava com a polícia, apontando uma arma para mim e dando voz de prisão. Se eu movesse um músculo, ele iria descarregar a arma em mim. Suei frio, com meus olhos circundando o terreno em busca de uma saída daquela situação. Eu não podia perder tempo ali, tinha de dar o fora o quanto antes para salvar Alice. Se eu já ia preso de qualquer jeito, acho que fugir não seria um agravante tão grande assim. Eu corri, ouvi os disparos, mas nenhum me atingiu. Talvez não esperassem que eu fosse realmente fugir. Talvez Deus Ex Machina estivesse mesmo ao meu lado.

Agora eu estava correndo em meio a escuridão da floresta, sem minha lanterna, sem meu revólver. Não somente a escuridão me atormentava, mas a polícia também estava em meu encalço. O pior é que deixei Barry para trás, e ele provavelmente seria preso. O remorso pesava mais que o cansaço de minhas pernas, correndo pelo terreno desnivelado sem parar, mas eu não podia me dar ao luxo de descansar. Cada segundo me afastava mais de Alice. Contudo, conforme o tempo passava, percebia que não era só a luz que me ajudava, mas a escuridão também. Ou quase.

A polícia podia me prender, mas
a escuridão podia me matar.
Comecei a ouvir estrondos e vi carros de polícia sendo revirados. Ao passar perto de alguns, abandonados, ouvi o desespero no rádio dos policiais sendo atacados. Nightingale me acusava de estar fazendo isso, mas a xerife Breaker sabia que não tinha como eu cometer tais atrocidades pelo simples fato de que sou apenas um escritor. Os policiais não tinham nenhuma chance contra a escuridão, eles estavam atrás de mim, e não de um monstro - embora o agente do FBI acreditasse fielmente que o monstro era eu.

Nem mesmo helicópteros conseguiam enfrentar as trevas, que agora começavam a se manifestar não somente com pessoas, mas com objetos, conforme vi em um portão que atacava quem se aproximasse. Vi ao longe a torre de rádio de Pat Maine, e torci para que ele fosse decente e pudesse me ajudar. Isso dependia muito se ele sabia ou não que a polícia estava atrás de mim. Em meu caminho, encontrei granadas de luz usadas pela polícia, feitas para atordoar. Aquilo seria o ideal para enfrentar as trevas, mas devia gastá-las com cautela.

Apesar que Nightingale parecia
interessado em me matar.
Consegui chegar até a torre de rádio, mas a polícia chegou em seguida. Eu queria rir do Nightingale  que estava me chamando de “Dan Brown” e “H. P. Lovecraft”, mas não tinha fôlego pra isso, já que corri em seguida para longe dali. Para a minha sorte, no meio da floresta, encontrei um revólver que devia ter pertencido a um dos policiais ou uma vítima dos Takens. Com uma lanterna, granadas de luz e uma arma, eu estava mais confiante contra a escuridão, mas não contra o agente do FBI. Encontrar um rifle de caça no percurso, contudo, decerto levantou minhas esperanças.

Enquanto eu abria caminho entre os Takens usando tudo o que tinha, cada vez de forma mais fluida e simples (acho que estou me acostumando com isso), meu telefone tocou. Atendi e era Alice, pedindo por ajuda. Meu coração apertou duas vezes, uma por saber que ela precisava de mim e eu não sabia como ajudar, outra por estranhar o tom de voz dela, quase tão mecânico quanto o de Rose. A ligação caiu e me deparei com outra página, essa narrando como encontrei objetos que se ergueram e foram em minha direção sem explicação. Aquilo parecia inconcebível de se acontecer, mas estava aprendendo a lidar com a lógica daquele mundo que mergulhei.

A ligação me torturava. Não
estava mais aguentando
aquela situação.
Não tardou para eu captar a mensagem daquela página do manuscrito, já que a escuridão ganhou força para possuir objetos, como barris e vigas de construção, e jogá-los contra mim. Pouco depois, uma nova página, descrevendo-me em uma cabana com alguém tentando entrar, implorando que eu abrisse caminho, mas não o fiz. Saboreei o grito dele antes de me preparar para sair dali, pois a Presença Negra estava por perto. Fiquei perplexo. Como eu poderia agir daquela forma? Não parecia comigo. Não pude pensar muito, contudo, já que os Takens me alcançaram.

Corri para poupar baterias e munição, pulando uma grade nos arredores, mas não estava pronto para o que iria encontrar. Não contente de possuir pessoas e objetos, as trevas tomaram um trator. Um. Maldito. Trator. Estremeci só de ver aquelas toneladas de metal vindo em minha direção, protegido por uma lanterna. Aquilo era absurdo até para os livros mais insanos de King, quiçá da própria realidade. Eu não vi muita escolha senão correr e concentrar a luz nele pelo que pareceu uma eternidade até que desaparecesse. Cai no chão, ofegante. Aquilo era demais pra mim.

Caminhei mais um pouco e encontrei um dos carros abandonados por aqueles que foram possuídos e se tornaram Takens. Peguei o carro e ajeitei o retrovisor, vendo a luz surgindo no horizonte. O sol estava nascendo e eu devia ter só mais algumas horas até encontrar-me com o sequestrador. Faltava pouco, logo eu reaveria minha Alice.
O raiar do sol era uma bênção para minha busca. Enfim um pouco de paz.

Episódio 3: Compensação (Parte 3/3)

Sempre escrevi mais no período noturno. Por isso que eu nunca imaginei que, um dia, iria querer tanto que o dia durasse mais do que a noite.
Na adrenalina, não sentimos a dor de um ferimento, tudo que nos focamos é em concluir nosso objetivo. Isso vale também para a psique humana, que só consegue parar pra analisar uma situação quando estamos nos recuperando. Alice foi tomada de mim, Barry provavelmente estava na cadeia, eu era um fugitivo do FBI e todo o maldito mundo estava possuído pela Presença Negra e cada parafuso podia ser munição para ela me destruir. Conforme parava o carro, percebia o quão fundo na lama eu estava.

Eu cheguei na mina e esperei. E esperei. E esperei. Horas se passavam, eu imaginava o que faria com o sequestrador se pudesse, o que ele poderia ter feito com minha esposa. A noite estava caindo e nada dele. Estava irado, desesperado, mas o vibrar do meu telefone irrompeu o silêncio. Tomei o aparelho e atendi, ouvindo a voz do sequestrador com novas instruções: eu deveria encontrá-lo em Mirror’s Peak, o topo de uma montanha ao norte de onde eu estava. Eu iria até lá, e iria matá-lo. Ele era o primeiro humano que eu sentia confiança para matar, mesmo não tomado pela escuridão.

Mas a noite caiu, e a luta
continuou.
Na saída, encontrei mais uma página do manuscrito, essa falando sobre o amor de Thomas Zane e Barbara Jagger. Ela era jovem, bela, cheia de vida, completamente diferente do que eu vi. Thomas nunca fora alguém muito feliz, mas ela o enchia de luz, de esperança, era sua inspiração e sua confiança. Ela era sua musa. Não pude deixar de me identificar com a situação, já que minha musa sempre foi Alice. Agora eu não sabia nem se ela estava viva.

Eu mal saí da mina e os ventos sombrios começaram a soprar. Era como um suspiro desesperançoso do próprio planeta, descrente de que a terra veria luz novamente. Logo os arautos dessa brisa demoníaca começaram a se levantar, e mais uma vez era eu contra os Takens. Meu alvo não era nenhum deles, mas seriam ótimos para descarregar minha raiva. Algumas pessoas preferem bolinhas para apertar. Eu aperto o gatilho.

Agora a escuridão podia até
derrubar árvores e erguer carros.
Nenhum lugar era seguro.
A brisa não era de todo mal, contudo, já que me trouxe outra página. Achei que poderia entregar todas essas páginas que acumulei para o sequestrador para ganhar tempo e poder agir, mas a mensagem dessa folha foi preocupante. Nela, Barry e eu estávamos presos, e o agente Nightingale tinha uma pilha de folhas do manuscrito, afirmando que eram provas contra mim, inclusive a conspiração de assassinar um agente federal. Tudo bem que eu não fui com a cara do arrogante, mas para chegar ao ponto de matá-lo me parecia improvável. Será que aquelas páginas continuariam acertando com aquela precisão cirúrgica? Muitas pessoas já foram perseguidas por suas obras, mas acho que nunca da mesma forma que eu.

Os Takens não saíam do meu encalço, me forçando a fugir e atirar. Eu já perdi a conta de quantos eu já matei, o que me faz pensar que a cidade pode estar já com um grande desfalque em seus habitantes. Isso sem contar com os objetos que desapareciam conforme eu focava a luz. Barris, vigas, carros. A escuridão parecia estar avançando na mesma direção que eu. Congelei por um momento. Estaria a Presença Negra atrás de Alice também? O mero pensamento me fez apertar o passo e correr ainda mais - até mais do que eu achava que aguentaria. Sou um escritor, não um maratonista.

Novamente, os vídeos.
A cada passo que eu dava, a Presença Negra ficava mais violenta, mais bruta. Eu não conseguia confiança para avançar quando qualquer coisa podia vir contra mim. Literalmente qualquer coisa. Felizmente parecia que era necessário um esforço maior para grandes objetos, e essa era a minha vantagem. Somente assim eu consegui evitar os ataques até chegar em uma cabana. Resolvi descansar um pouco, e foi quando a TV ligou sozinha.

Uma nova gravação minha, falando sozinho. Eu falava para a câmera que consegui dar uma pausa na minha escrita para ler um pouco o material de Thomas Zane, e disse que o homem era um verdadeiro poeta. Suas histórias místicas narravam sobre reinos de luz e escuridão, uma magia antiga de um lago, terras de deuses e demônios, com criaturas sombrias que esperavam a primeira oportunidade para possuir a carne dos homens como disfarce. Não pude deixar de traçar um paralelo com a minha situação; teriam os Takens nascido da obra de Zane, e foram trazidos de volta pela minha? Parecia que eu tinha mais em comum com o escritor do que podia imaginar.

Por que essas visões se repetiam?
Um sinal ou uma tortura?
Cheguei a uma caverna que parecia ser o caminho para Mirror’s Peak. Conforme avançava, sentia uma dor de cabeça estonteante, como se uma faca estivesse marcando seu caminho pela minha têmpora. Em seguida, ouvi uma voz. Era Alice, gritando por ajuda, assim como na noite em que nos separamos. Então, uma visão. Ela afundando no lago. A tontura quase me derrubou, mas me deu um momento para pensar. Por que tanta reincidência desse lago em todas as histórias? Agora que me lembro, eu apaguei por uma semana quando mergulhei nele. Seria a água o problema?

Saí da caverna e achei mais uma página, que não fez muito sentido. Um homem, Tor Anderson, estava agindo como a figura mitológica Thor, deus nórdico do trovão, erguendo seu martelo e o chamando de Mjölnir. Com força, ele atingiu a cabeça de uma enfermeira que tentava cuidar dele, e o desfecho não é citado. Tor apenas diz que “vai entrar em uma turnê de retorno”. Isso parecia bizarro demais para se encaixar com o resto, o que fez com que me perguntasse se aquela página fazia parte do meu livro.

Em outros tempos, ser encurralado
assim me deixaria desesperado.
Hoje não.
Não tive tempo pra pensar muito já que a situação só piorava. Tinha de enfrentar Takens por toda a parte, e por um instante achei que morreria quando fui cercado em uma ponte. Sorte que estava com alguns sinalizadores, que me deram luz suficiente para reagir e abrir caminho, encontrando uma nova página. Essa dizia que Mott, um funcionário de Stucky, foi em todas as cabanas do chefe para encontrar a que Alice e eu estávamos, encontrando nosso carro perto da ponte de Cauldron Lake que ia até a ponte, mas sem sinal de nós. Isso dá a entender que fomos transportados para outra dimensão quando chegamos ao local. Como se eu precisasse de mais loucura no meu dia.

Enfim nos arredores de Mirror’s Peak, onde havia uma casa abandonada. Entrei e minha lanterna fez a tinta fotoluminescente reluzir nas paredes, exibindo diversas vezes o nome “Tom” e um coração com os dizeres “B.J. + T.Z.”, além da frase “você fala comigo pela televisão”. Seria aquela uma mensagem da verdadeira Barbara? Impossível, estava morta. Subi as escadarias procurando por mais dizeres como estes, mas o chão cedeu e eu caí no porão, me vendo cercado de Takens. Uma emboscada mortal, mas eu não pretendia me entregar.

Totalmente cercado em território
inimigo. Parecia uma mistura de
Rambo, 007 e um conto de
Stephen King.
Lutei com tudo que eu tinha, usei toda munição necessária. Larguei o rifle, descarregado. Eu consegui vencer e corri dali com apenas meu revólver e a lanterna. Estava chegando no observatório, no local combinado, e achei uma página. Essa dizia que eu estava preso na clínica do doutor Hartman, aquele desgraçado que me trouxe até aqui. A frase “você é meu paciente, já é faz algum tempo” me preocupou. Será que eu estava louco e já estava internado?

Não consegui pensar muito pois os gritos do sequestrador irromperam o silêncio, desesperado. Ele gritava com uma mulher que, pelo visto, se aproximava e o ameaçava. Eu ouvi ele dizer “nós não temos a esposa dele, ela deve estar afogada, só dissemos o que nos daria o que queríamos”, e isso me fez acelerar carregado de ira. Encontrei-o de joelhos, apontei minha arma e a lanterna, mas ele não reagia. O que ele havia visto? Descobri instantes depois, quando a mulher de preto se materializou diante de mim e desapareceu em seguida, me fazendo recuar horrorizado.

Sem esperança. Sem forças.
Sem luz.
A escuridão então tomou a forma de um tornado, erguendo o sequestrador e eu do chão e nos jogando a própria mercê, caindo no vale. Perdi a lanterna e a arma, sentindo o vento sendo cortado pelo meu corpo em queda. Eu estava descendo rápido, mas a queda parecia infindável. Tudo que eu vi foi a escuridão tomando os céus antes que meu corpo se chocasse com a água, a mesma água que habitava Cauldron Lake. Fechei os olhos e tive uma última visão, de Alice afundando e da máquina de escrever. Eu estava morrendo, não sei se era pela queda, pela escuridão ou afogado, mas eu sentia a vida deixando meu corpo.

A última coisa que eu vi foi uma mão entrando na água.

Isso conclui a terceira parte de nosso Blast Log de Alan Wake. Qual terá sido o desfecho do encontro direto de Wake e a escuridão? Se os sequestradores não tinham Alice, então com quem ela está? Será que a água que começou tudo isso também irá acabar? Isso nós teremos de descobrir na próxima semana, e torçamos para que a luz não deixe a alma do escritor nas sombras.
Revisão: Leonardo Nazareth
Capa: Wellington Aciole

é graduando em Ciências Contábeis e amante de uma boa discussão sobre videogames. Além de escrever para o Xbox Blast, também é redator nas revistas Nintendo World e EGW. Para elogios e críticas, pode encontrá-lo no Facebook ou Twitter.

Comentários

Google
Disqus
Facebook