Blast from the Past

Mortal Kombat: Shaolin Monks (XB) mostrou como a aventura pode incorporar as lutas

Fugindo do estilo 2D, o spin-off conseguiu trazer a essência da série para a aventura

Sendo uma das franquias de luta mais famosas do mundo dos videogames, Mortal Kombat nem sempre conseguiu fugir de sua fórmula original, ou seja, o estilo de luta que o fez um sucesso, e se sair bem. Mas Shaolin Monks conseguiu provar que eles podiam superar a barreira e fazer algo diferente e bom ao mesmo tempo.


Adotado como um spin-off da franquia, Mortal Kombat: Shaolin Monks fugia um pouco do gênero de lutas em 2D ou 2.5D para entrar no gênero beat ‘em up, mas não deixava a essência da franquia para trás, trazendo antigos e conhecidos personagens a outro nível. Um detalhe importante a ser citado é que sua trama não faz parte da história original.

Que comece o torneio!

Por ser um spin-off da franquia, Mortal Kombat: Shaolin Monks toma o lugar de Mortal Kombat II, recontando os fatos daí em diante. A introdução do jogo nos mostra o início do novo torneio, onde Shang Tsung, o feiticeiro vilão do primeiro jogo da franquia, assiste os lutadores em batalhas mortais, uns para proteger Earthrealm (a nossa amada Terra) e outros para dominá-la, como sempre fora feito.

Durante as batalhas, Liu Kang, o monge campeão do último torneio, e Kung Lao, também monge e parceiro de Liu Kang, se revelam e interferem nas lutas, o que forçou Shang Tsung a invocar o ex-campeão de Mortal Kombat, Goro, que distrai todos ali presentes para que o feiticeiro possa fugir junto de seus cúmplices, destruindo o local do torneio e deixando os guerreiros para a morte.
Após a destruição da ilha, os guerreiros de Earthrealm conseguem fugir, exceto os dois monges que acabam ficando para trás, presos pela destruição. Quando conseguem se recuperar e sair da ilha, Raiden, deus do trovão e protetor da Terra, os avisa sobre os planos de Shang Tsung de conquistar nosso mundo sem vencer um Mortal Kombat, algo que, segundo as regras estabelecidas pelos deuses, seria trapaça. Agora, cabe aos monges enfrentar os desafios que vêm a seguir, derrotando, da forma mais sangrenta e brutal possível, os inimigos que encontrarem pela frente.

A nova jogabilidade

Shaolin Monks seguiu uma premissa diferente dos demais títulos, sendo um dos únicos que foge do gênero original a fazer sucesso. O jogo adere ao gênero aventura com um sistema beat ‘em up dinâmico, o que faz com que as batalhas se adaptem aos cenários 3D que o título traz. Assim como o feito em jogos como Dynasty Warriors e God of War, onde o jogador deve derrotar os inimigos que encontra, no caso de MK, da forma mais brutal possível, e completar os objetivos e puzzles que estão presentes no caminho.
Lutar contra vários personagens ao mesmo tempo se tornou algo normal.
O game tinha dois modos para a campanha principal: solo e cooperativo, sendo que, como protagonistas havia os dois monges: Liu Kang e Kung Lao. Caso o jogador optasse pela campanha solo, poderia escolher dentre um dos dois protagonistas e o jogo seguiria somente com o personagem escolhido, contanto, as cutscenes conteriam os dois monges. Caso optasse pelo modo cooperativo, os jogadores poderiam escolher dentre ambos os personagens. Havia também o modo Versus, onde os jogadores podiam lutar entre si com alguns dos personagens presentes no jogo, que seriam posteriormente liberados, com a mesma jogabilidade adaptada.

Os dois protagonistas possuíam, basicamente, os mesmos movimentos, ou seja: andar, correr, pular, desferir ataques leves, carregados, ataques especiais, atacar no ar, defender, defletir ataques de certos oponentes, agarrar, montar ou jogar os inimigos, executar Fatalities (execuções especiais em um inimigo), Multalaties (execuções especiais em mais de um inimigo) e Brutalaties (execuções especiais, onde o personagem adquire um novo modo de luta) e agarrar itens ou armas que caem no chão, seja por seus inimigos ou as que estavam presentes no cenário. Mas ambos possuem seus próprios golpes, estilos e modos de luta, além dos especiais (Fatalities, Multalaties, Brutalaties), é claro. Vários movimentos, que são essenciais para o avanço no jogo, são adquiridos no decorrer da campanha, tais como o salto longo, as acrobacias e o pulo duplo, além daqueles que podiam ser adquiridos por troca de pontos de experiência, que eram adquiridos pelos maiores combos que o jogador conseguisse realizar, neste caso, as aquisições se tratavam de novos golpes para os personagens.
O jogador tinha de inserir a sequência correta de botões para que a execução fosse feita.
As execuções dos Fatalities poderiam ser feitas quando uma esfera, localizada logo ao fim da barra de saúde do personagem do jogador, estivesse cheia de sangue. As esferas eram carregadas pelos combos dados nos inimigos ou quando um chefe era derrotado. No caso dos Multalaties e Brutalaties, que eram adquiridos no decorrer do jogo, novas esferas eram adicionadas à barra, fazendo com que um golpe gastasse mais que o outro. Os Fatalities podiam ser aplicados nos inimigos comuns a qualquer momento, levando à tela de execução do golpe e à morte instantânea do inimigo, já contra os chefes, era necessário derrotá-los e esperar que o clássico “FINISH HIM!” fosse dito, para que o jogador executasse a sequência de botões que apareceriam na tela durante um determinado e curto tempo.

As velhas caras reaparecem

Outro fato que chamava a atenção era a a presença de vários personagens já conhecidos, fossem vilões, aliados ou até mesmo segredos do jogo. Alguns personagens presentes são: Baraka, Reptile, Mileena, Kitana, Jade, Kano, Johnny Cage, Sonya Blade, Raiden, dentre outros. Vários personagens eram chefes de fase e podiam atacar sozinhos ou em grupos, mas para alcançá-los era necessário passar por vários outros cenários, desvendar alguns puzzles e derrotar outros vários inimigos, estes mais comuns, como soldados tarkatans, a mesma raça de Baraka, feiticeiros, morlocks, monstros que se parecem orcs, dentre outros.
Alguns dos aliados o ajudavam, já os inimigos... fariam tudo para eliminá-los.
Sub-Zero e Scorpion também estão presentes no jogo como chefes, mas ao derrotá-los, era possível liberá-los como personagens jogáveis no modo cooperativo ou no modo luta. Ambos os personagens tinham seus próprios golpes e execuções, mas como a história era protagonizada apenas pelos dois monges, nas cutscenes, Sub Zero e Scorpion faziam o papel de Kung Lao e Liu Kang, assumindo suas vozes.

Eu já vi isso antes…

Algo que não ficava de fora do jogo eram os inúmeros easter-eggs como segredos ou apenas alguma alteração no cenário, como o trenó do papai Noel ou um disco voador ao fundo da fase. Os segredos do jogo variavam dentre artes conceituais do jogo, novas sequências para Fatalaties, que eram adquiridos descobrindo emblemas do jogo (o símbolo do dragão) e medalhões vermelhos ou também, para o caso dos Fatalaties, serem descobertos sozinhos, alguns personagens escondidos no jogo, que podiam ser encontrados e interagir com os jogadores, com missões ou dando itens e o próprio jogo Mortal Kombat II original, o qual é liberado após cumprir todas as missões secretas de Smoke. Até mesmo o coelho assassino da série de comédia Monty Python faz uma ponta!
Você reconhece essa arena, caro leitor?
Os cenários do jogo conseguiam impressionar, pois eram quase que totalmente baseados nos cenários de Mortal Kombat II, além de também incorporar as mecânicas de interação com o cenário, pois o jogador poderia jogar os inimigos nas estacas que ficavam espalhadas no chão, nas árvores que comiam os inimigos, nos portões que os esmagavam quando ativados e muitas outras, o que resultava em uma execução diferente. Vale citar também a possibilidade da utilização de códigos, ou cheats, para liberar personagens secretos e até mesmo o Mortal Kombat II.
Assim como The Tower (imagem anterior), várias outras arenas de Mortal Kombat II estão presentes.

Alguém não ficou satisfeito

A maioria das críticas feitas ao jogo foram, em sua maioria, positivas, mas algumas alterações na história (Goro ainda vivo, Scorpion se evolvendo nas lutas como se fosse um lacaio…), a falta de carisma dos personagens e a câmera do jogo, principalmente no modo cooperativo, a qual podia irritar por limitar dois personagens na mesma tela, mas os prendia a uma determinada distância, o que atrapalhava as jogatinas, fizeram com que algumas críticas fossem negativas.
Lutar em equipe era realmente divertido, mas podia gerar algumas dores de cabeça.
Contudo, nem mesmo isso fora capaz de abalar a imagem do jogo, que é dado como um dos melhores da sexta geração, principalmente pelo modo cooperativo, o fator nostalgia que traz ao jogador e por ter mantido a essência original da série.

Um futuro incerto

Uma sequência para Shaolin Monks, entitulada Fire & Ice, estava nos estágios iniciais de desenvolvimento, mas foi cancelada devido a problemas financeiros do estúdio responsável. O jogo focaria no mesmo estilo de gameplay apresentado pelo antecessor, mas seria protagonizado por Sub-Zero e Scorpion em uma aventura cooperativa.
Acha que seria bom reviver essa aventura, caro leitor?
Segundo rumores e uma imagem compartilhada no twitter por um dos criadores da série, Ed Boon, uma versão remasterizada em HD de Mortal Kombat: Shaolin Monks poderia estar em desenvolvimento, mas a notícia foi espalhada em outubro de 2013 e nada ainda fora anunciado.

Respeitável

Mortal Kombat: Shaolin Monks fez parte, também, de minha infância, mesmo não sendo o melhor jogo para uma criança jogar. O fator nostalgia que trazia era o suficiente para entreter e divertir por horas, além de trazer novidades e respeitar muito os aspectos originais da clássica franquia. Mesmo com uma história um tanto quanto displicente, o jogo conseguiu impressionar, devido ao modo cooperativo que conseguiu render horas contínuas de quebra-cabeças, discussões e muita diversão.
E você, caro leitor, teve chance de fazer parte dessa aventura? Deixe-nos saber nos comentários!

Revisão: Bruno Nominato
Capa: Stefano Genachi

Escreve para o Xbox Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original do mesmo.

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