Uma garota elfa com a capacidade de se transformar em seres elementais deve rodar o mundo em busca de sua família enquanto coleta itens, desvenda mistérios e derrota inimigos descomunais pelo caminho. Tudo isso em cenários exuberantes recheados de personagens carismáticos que tornavam a jornada encantadora e inesquecível. Hoje em dia isso pode remeter a diversas desenvolvedoras, mas durante a década de 1990 e meados dos anos 2000, a Rare era uma das poucas empresas capazes de unir tantos elementos de maneira tão coesa de forma a resultar em grandes obras de arte. Planejado inicialmente como um título de Nintendo GameCube, Kameo: Elements of Power só foi ver a luz do dia em 2005, no lançamento do Xbox 360. Ainda naquela época, a Rare era uma desenvolvedora muito respeitada, de maneira que seus títulos sempre figuravam entre os mais esperados de qualquer lista da mídia especializada. Sendo um de seus últimos jogos de peso, Kameo foi criado com todo o know-how da empresa em jogos de aventura.
Casos de família
Kameo: Elements of Power conta a história de Kameo, uma elfa que recebe de sua mãe, a rainha Theena o poder do Wotnot Book, um livro que contém feitiços capazes de transformar seu portador em uma série de seres elementais chamados Elemental Warriors. Caçula da família, Kameo aceita seus novos poderes, o que provoca grande inveja em sua irmã mais velha, Kalus, que fica sem nada. Com muito ódio no coração e um enorme sentimento de vingança, a irmã mais velha decide libertar Thorn, um maligno troll que fora selado sob um feitiço muitos anos antes. Kalus, Thorn e seu exército decidem então se unir para sequestrar e torturar a rainha Theena e os tios de Kameo.Kalus é a grande vilã da aventura |
Uma aventura inesquecível!
Logo de cara já dá para perceber o cuidado da Rare com Kameo. Uma guerra colossal está acontecendo e Kameo está no meio da encrenca tentando sobreviver. E daí para frente o jogo só se torna ainda mais interessante! Em suas mais de quinze horas de campanha, a aventura se torna cada vez mais envolvente e gostosa de ser jogada, graças à excelente mecânica de controle dos Elemental Warriors. Conforme Kameo avança em sua jornada, os seres são resgatados e é possível se transformar, em tempo real, em cada um deles. Cada ser possui habilidades exclusivas e necessárias para se avançar pelos diversos quebra-cabeças e batalhas do título, que vai se tornando mais complexo a cada hora jogada.Kameo pode até utilizar um cavalo durante sua jornada |
Selo de qualidade Rare
Além de ser uma aventura muito envolvente e divertida, Kameo também faz bonito com sua produção impecável. A Rare sempre foi muito conhecida por abusar do potencial dos consoles com os quais trabalhou. Foi assim com o Super Nintendo, através Donkey Kong Country, foi assim com o Nintendo 64, em clássicos como Conker’s Bad Fur Day e Perfect Dark, e isso ocorreu até mesmo no GameCube, com StarFox Adventures. Apesar de ser um título de lançamento do Xbox 360, Kameo dava um show com seus cenários detalhados, coloridos e gigantescos. Cada novo cenário trazia novas surpresas, fosse na ambientação, que sempre mudava e dava um ar de novidade à aventura, ou até mesmo no level design, que surpreendia o jogador com quebra-cabeças bem bolados e divertidos.A excelente direção artística colabora para aumentar a imersão do título |
Joia oculta
Apesar da qualidade do título, nessa época a Rare já não era mais tão respeitada como fora nos tempos de Nintendo e o jogo acabou sendo rapidamente esquecido, apesar das avaliações, que variavam ente 8.0 e 9.0 em grande parte da mídia especializada. Elements of Power também trouxe à tona o desgaste do gênero, que vinha sendo deixado cada vez mais de lado em prol de jogos de temática mais adulta, o que fez com que a própria Rare revirasse a franquia Banjo-Kazooie e a transformasse em um jogo de montar veículos, três anos depois.Com o fracasso de Banjo-Kazooie: Nuts and Bolts e o gradual desgaste dos jogos de tiro em primeira pessoa, é possível que com o Xbox One voltemos a ver a Rare criando o que sabe fazer de melhor: jogos de aventura que, mesmo com temática infantil, traz mais imersão e desafio que muitos jogos banhados em sangue soltos por aí.
Revisão: Samuel Coelho
Capa: André Perez Segato
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