A primeira corrida presente em Forza Motorsport 6 é feita utilizando o Ford GT 2017, carro da capa que sequer foi lançado, e se passa no Rio de Janeiro, cidade onde vivi por todos os meus 27 anos. Acredito que este fator tenha me colocado em vantagem para notar como a Turn 10 Studios é cuidadosa com os detalhes para nos fornecer uma experiência bastante realista.
Eu já havia jogado esta introdução na E3 2015, e a riqueza dos detalhes foi o suficiente para me instigar a perguntar para o desenvolvedor presente como eles foram capazes de descrever a cidade com a maior exatidão que já vi em qualquer mídia estrangeira. Desta vez, jogando em casa, e com um pouco mais de tempo para mastigar o que vivencio, o que me chamava a atenção era como eles conseguiam trazer um game design tão inteligente mesmo com as limitações naturais de se fazer um jogo cuja proposta principal é ser uma simulação.
O que você já sabe
Bem, Forza Motorsport 6 tem tudo aquilo que já se espera da série em seu máximo. Carros e locais incrivelmente detalhados, um compromisso em criar uma sensação de dirigir um carro de verdade em todos os seus detalhes, podendo ajustar diversas variáveis para aumentar o nível de realismo da experiência. E, claro, os drivatars, mais uma vez. Isso já é o esperado da série e não quero me ater a isto, mas o salto da qualidade com a qual fazem isso é tão alto que seu antecessor é colocado no lugar de tech demo do Xbox One que merece estar.
O interessante é como eles fazem tudo isso e, apesar de todas as limitações consequentes do projeto, conseguem tornar o jogo interessante e variado. E tudo começa ao colocar na nossa mão um dos melhores carros do jogo sem nenhuma classificação na tela, de modo que qualquer iniciante se preocupe apenas em correr sem meta alguma. Após finalizar esta introdução, o objetivo é não ter nada na cabeça além de um desejo doentio por descobrir como possuir aquele carro o mais rápido possível.
Em algum momento, as séries se iniciam e somos introduzidos ao fluxo normal de jogo. Um grupo de três séries, em um total de cinco grupos do modo carreira, cada um com seis linhas de carros que mudam conforme avançamos os grupos. Um ritmo que, mesmo com considerável variação, pode ser enjoativo, afinal, o objetivo sempre é ficar entre os três primeiros colocados da corrida.
A quebra de ritmo ocorre com as corridas opcionais, nas quais dirigirmos em situações clássicas, como os primeiros carros de Formula Indy ou as dezenas de carros da série Nascar, ou então com missões mais diferenciadas, como ganhar uma corrida com um carro melhor, mas dando vantagem para os carros inferiores, ou completar uma volta passando entre cones para testar sua direção. Em uma solução bem simples, como contribuir para fazer um jogo de corrida ser um jogo? Fazendo joguinhos com carros.
O que você talvez não tenha notado
Só que o mais impressionante é como Forza Motorsport 6 usa a própria realidade e os desafios existentes nela para criar desafios diferenciados para o jogador. Quero dizer, dado que mudar os carros e as pistas compromete a proposta do jogo, o que fazer para deixá-lo com uma gama maior de desafios? Usar o tempo é uma das respostas. Em pistas durante a noite, a visibilidade é bem pequena e você só pode contar com sua visão curta para se garantir. Quando necessário, um poste ou outro auxiliam a visão. Pistas chuvosas com poças d’água na qual devemos decidir, em curto prazo, se a melhor decisão é desviar delas para não perder velocidade ou acelerar, aproveitando-se da terraplanagem, para não perder a direção ou, ainda, realizar uma ultrapassagem inteligente.
São muitas decisões deste gênero que tornam a ideia de correr tão real e tão desafiadora e gostosa. Forza Motorsport 6 chegou em um patamar de excelência porque conseguiu fazer os dois muito bem.
Prós
- Conceitos base da franquia bem consolidados e presentes;
- Ambientação realista;
- Design inteligente, apesar das limitações impostas pela realidade;
- Consolidação dos Drivatars.
Contras
- Não há.
Forza Motorsport 6 - XBO - Nota: 9.5
Revisão: Jaime Ninice
Capa: Nivia Costa
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