Um filme de animação baseado em LEGO era o sonho de muitas crianças — e de muitos adultos também. Em fevereiro de 2014, The LEGO Movie (conhecido no Brasil como "Uma Aventura LEGO") finalmente chegou às telonas, cativando todos com o carisma que só as pecinhas de plástico conseguem ter.
É claro que a TT Games não perdeu tempo e desenvolveu um jogo baseado no longa-metragem. The LEGO Movie Videogame pega carona com o lançamento do filme, mas felizmente consegue escapar da maldição de games baseados em obras cinematográficas. Mesmo assim, ele sofre por não conseguir chegar no mesmo nível de títulos recentes aclamados pela crítica, como LEGO Marvel Super Heroes e LEGO City Undercover.
Seguir as instruções ou usar a criatividade?
The LEGO Movie conta a história de Emmet, um cidadão comum da simpática Bricksburg. Emmet vive uma rotina feliz sendo um construtor da cidade, sempre seguindo instruções para basicamente tudo em sua vida. No entanto, tudo vira de cabeça para baixo quando ele acidentalmente acha a “peça de resistência”, uma peça que supostamente salvaria o mundo LEGO de um apocalipse eminente. Emmet, o simples construtor, passa a ser referenciado como o criador de todo o universo das pecinhas de plástico. O problema é que isso vai contra os planos de Mr. Business, o governador de Bricksburg, que não medirá esforços para destruir Emmet e a peça de resistência.
Não é necessário dizer que o game segue o enredo do filme à risca, inclusive usando trechos do mesmo para a maioria das cutscenes. E mesmo as cutscenes realizadas em tempo real têm uma semelhança bem grande com aquelas do longa. Isso significa que quem já viu o filme não se verá surpreendido pela trama.
O game reconta os acontecimentos do filme. |
Mas isso não se mostra um problema: a história é apenas um dos fatores que dão charme ao universo LEGO. Como sempre, o game progride por meio de fases, com partes de exploração em mundo aberto entre elas. Os estágios contam com um level design inteligente, explorando as diferentes habilidades dos diversos personagens à disposição. Entre combater inimigos e resolver quebra-cabeças simples, o jogo progride de forma bastante natural e divertida. E, como é de se esperar, jogar com um amigo deixa tudo mais legal.
Uma adição interessante foi a separação dos personagens entre Master Builders e Regular Builders. Os Master Builders podem destruir objetos e construir novas coisas a partir das pecinhas, uma habilidade até então comum nos personagens nos games LEGO. Já os Regular Builders precisam achar páginas de manuais de instrução pela fase para construir objetos que os ajudarão a progredir. O processo de “seguir as instruções” constitui-se de um minigame no qual o jogador deve escolher a peça indicada em uma foto no menor tempo possível.
Infelizmente, essa é a única diferença prática de gameplay entre The LEGO Movie Videogame e seus irmãos mais velhos. Todas as outras mecânicas são copiadas de outros jogos da franquia, sem muitas alterações. Apesar de isso não ser necessariamente algo ruim, será que não é um sinal de que a velha fórmula está começando a mostrar sinais de cansaço?
Rostos conhecidos na franquia estão presentes |
Além dos estágios, existem partes de exploração em mundo aberto. Porém, ele é ridiculamente pequeno e sem muitos extras se comparado, por exemplo, à LEGO City de LEGO City Undercover, ou mesmo às próprias fases do título. Não existem grandes atrativos além de quebrar os blocos que encontramos pela frente.
Tudo isso dá a sensação de que The LEGO Movie Videogame é um jogo que poderia ser muito melhor. Apesar de ser divertido de jogar, é um pouco chato constatar a falta de inovação e o contraste entre a genialidade das fases e o desleixo do mundo aberto. Houve um potencial que não foi bem aproveitado. Talvez os desenvolvedores tenham ficado com medo de mexer demais no universo criado pelo filme e resolveram não arriscar muito.
Tudo é incrível
Os gráficos do jogo são bons, e os elementos dos cenários e detalhes são simples, mas formam um conjunto bacana. O grande destaque vem do fato do game ser o primeiro da franquia a ter seus elementos totalmente constituídos de LEGO. Todos os jogos anteriores tinham as pecinhas como elemento predominante, mas era impossível não notar que algumas coisas não pareciam ser feitas de LEGO. Aqui, tudo é dominado pelo brinquedo: dos edifícios até o chão. Outro detalhe legal é a movimentação dos personagens: um pouco mais “travada”, como as pecinhas de verdade se moveriam na vida real.
A trilha sonora, embora apropriada, mostra-se repetitiva na maior parte do jogo. Muitas faixas do filme são usadas à exaustão, mas acabam ficando irritantes quando tocam por muito tempo. Existem poucos momentos em que a trilha ganha destaque, como quando os personagens começam a dançar ao embalo de Everything is Awesome, o “hit” de Bricksburg.
A dublagem é um ponto de destaque. Apesar de muitas das cutscenes serem retiradas diretamente do longa, os personagens conversam entre si durante as fases, e isso rende diálogos bem engraçados e espontâneos. A TT certamente fez um bom trabalho para deixar a transição de “filme” para “videogame” o mais natural possível.
Uma aventura divertida
No fim das contas, The LEGO Movie Videogame ainda é um bom jogo. Ele é simples, mas também é divertido e bem variado. Alguns podem ficar temerosos de jogá-lo, por ser baseado em um filme, mas ele traz toda a personalidade das pecinhas exatamente como os títulos anteriores fizeram.
O game apenas peca por não ter um estilo de gameplay próprio. Praticamente todas as mecânicas são provenientes de outros games LEGO, com poucas adições relevantes. Se fosse um jogo só, The LEGO Movie Videogame certamente seria um destaque. Mas ao lado de irmãos como LEGO Batman 2: DC Super Heroes, ele acaba sofrendo por simplesmente não conseguir ser tão bom quanto.
Prós
- Gameplay simples e divertido;
- Fases bem estruturadas;
- Personagens engraçados;
- Cenários agradáveis aos olhos;
- Boa dublagem;
Contras
- Falta de inovação;
- Mundo aberto deixa a desejar;
- Trilha sonora repetitiva;
The LEGO Movie Videogame – Xbox 360 – Nota: 7,5
Revisão: Vítor Tibério
Capa: Daniel Silva
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