Hands-on

Testamos Project Spark (XBO) e é oficial: nunca estivemos tão próximos dos desenvolvedores

Colocamos as mãos em Project Spark, ferramenta que promete facilitar a vida de quem quer se aventurar no desenvolvimento de jogos.

Project Spark talvez tenha ficado meio ofuscado na conferência da Microsoft da E3 2014 pela brutalidade futurista de Call of Duty: Advanced Warfare (Multi) e pela comicidade de Sunset Overdrive (XBO), mas, escondido no estande da empresa, chamou nossa atenção. A proposta é disponibilizar no Xbox One e no Windows 8 uma plataforma que permita criar, jogar, baixar, compartilhar e modificar jogos tranquilamente, gerando uma grande comunidade na qual desenvolvedores e jogadores não estejam separados. Será que Spark consegue chegar assim tão longe?


Uma pérola escondida

Infelizmente, a E3 não é o melhor lugar para explicar ao público a ambição de Project Spark. Numa primeira análise, o que realmente vemos é apenas jogos simples e aleatórios, pois, caso não exploremos com cuidado o game, não dá para perceber que cada título jogável é apenas um da imensidão de outros jogos disponíveis e de outros infinitos que podem ser desenvolvidos. 

O que eu peguei para testar, por exemplo, era um hack-n-slash 3D medieval bem genérico. Nada que poderíamos esperar de um dos jogos principais da Microsoft, não é? Mas, ao sair da aventura e explorar os menus de criação do Spark, entendíamos que essa jornadazinha caseira era a ponta do iceberg. A ponta de um gigantesco iceberg.

Ah, só para deixar claro, o jogo do esquilo Conker da Rare feito no Project Spark ainda não estava disponível. E, na verdade, não é nos jogos específicos criados pela plataforma que iremos nos focar a seguir, mas, sim, na própria ferramenta de criação.

O jogo em suas mãos

Com a ajuda da funcionária da Microsoft que acompanhava os jogadores, pude experimentar a criação de jogos de Project Spark. Inicialmente, temos apenas um personagem padrão em um mundo vazio. Dali para frente, era só deixar a criatividade alçar voo. Havia várias opções de textura para o chão, podendo criar vastos campos facilmente. Com outra ferramenta, elevávamos o relevo, gerando montanhas e vales. Depois, dava para colocar árvores e até customizar a vegetação interna de túneis e cavernas. Nesse sentido, a criação de ambientes era tão prática e divertida quanto num RPG Maker.

Os personagens também têm uma ampla variedade de comportamentos, e todos são gerenciados pelo seu cérebro. O cérebro dos personagens é um capítulo à parte em Project Spark. Pelo que pudemos conferir, há muitas e muitas opções de gosto, interesse, padrões comportamentais... Segundo a funcionária, tudo é muito semelhante às opções tradicionais de programação, mas numa interface que facilita a vida de quem é leigo no assunto.

A edição de cérebros dos personagens abre um leque
gigantesco de possibilidades
Há muitas opções pré-prontas de jogos, ambientes e cérebros para os jogadores/desenvolvedores que ainda não sabem por onde começar. E é possível editar tranquilamente esses modelos para adequá-los às particularidades do jogo que você quer criar. Inclusive, essas edições e customizações podem ser feitas também com jogos e elementos dos games de outras pessoas do mundo inteiro. Gostou daquela aventura, mas acha que ficaria mais legal com inimigos extras? Então baixe-a e adicione quantos adversários quiser. Quer transformar aquele game de plataforma num FPS? Faça o download dele e modifique a mecânica de jogo. É só colocar tudo na conta do hardware do Xbox One. 

Opções já prontas de cérebros facilitam a vida de quem ainda não é experiente em programação
Obviamente, Project Spark também está disponível para Windows 8. No entanto, como esse tipo de programa já é comum nos PCs, o destaque fica justamente para poder acessá-lo e utilizá-lo perfeitamente por um console de mesa. Daqui para frente, Project Spark só tem o que se expandir, e o que pudemos testar na E3 2014 nos deixou muito animados. Não quer esperar nem mais um segundo para entrar nessa? Então acesse o site do projeto e entre para a comunidade de jogadores/desenvolvedores! 

Só não espere tanta facilidade. A interface é amigável e intuitiva, mas criar um jogo é inevitavelmente trabalhoso, então é preciso se esforçar bastante nas suas criações ou elas não estarão no topo das mais populares.

No geral, trata-se de uma das novidades mais legais do Xbox One. Se realmente virar uma febre, Project Spark pode entreter indefinidamente jogadores que querem se aventurar pelo desenvolvimento de jogos e abastecer gratuitamente a biblioteca de jogos do XBO. Some isso a uma comunidade ativa de usuários e temos uma verdadeira plataforma à parte dentro da plataforma da Microsoft.

Revisão e edição: Vitor Tibério
Capa: Felipe Araujo

é quadrinista e estudante de medicina da UFBA. Jogos fizeram parte dessa vida desde os seus primeiros anos, embalando muitos dos mais fortes laços de amizade e histórias de vida. E esse legado desembocam nas matérias que escreve aqui no Blast e em sua HQ, The Legend of Link.

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