Uma pérola escondida
Infelizmente, a E3 não é o melhor lugar para explicar ao público a ambição de Project Spark. Numa primeira análise, o que realmente vemos é apenas jogos simples e aleatórios, pois, caso não exploremos com cuidado o game, não dá para perceber que cada título jogável é apenas um da imensidão de outros jogos disponíveis e de outros infinitos que podem ser desenvolvidos.
O que eu peguei para testar, por exemplo, era um hack-n-slash 3D medieval bem genérico. Nada que poderíamos esperar de um dos jogos principais da Microsoft, não é? Mas, ao sair da aventura e explorar os menus de criação do Spark, entendíamos que essa jornadazinha caseira era a ponta do iceberg. A ponta de um gigantesco iceberg.
Ah, só para deixar claro, o jogo do esquilo Conker da Rare feito no Project Spark ainda não estava disponível. E, na verdade, não é nos jogos específicos criados pela plataforma que iremos nos focar a seguir, mas, sim, na própria ferramenta de criação.
O jogo em suas mãos
Com a ajuda da funcionária da Microsoft que acompanhava os jogadores, pude experimentar a criação de jogos de Project Spark. Inicialmente, temos apenas um personagem padrão em um mundo vazio. Dali para frente, era só deixar a criatividade alçar voo. Havia várias opções de textura para o chão, podendo criar vastos campos facilmente. Com outra ferramenta, elevávamos o relevo, gerando montanhas e vales. Depois, dava para colocar árvores e até customizar a vegetação interna de túneis e cavernas. Nesse sentido, a criação de ambientes era tão prática e divertida quanto num RPG Maker.
Os personagens também têm uma ampla variedade de comportamentos, e todos são gerenciados pelo seu cérebro. O cérebro dos personagens é um capítulo à parte em Project Spark. Pelo que pudemos conferir, há muitas e muitas opções de gosto, interesse, padrões comportamentais... Segundo a funcionária, tudo é muito semelhante às opções tradicionais de programação, mas numa interface que facilita a vida de quem é leigo no assunto.
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A edição de cérebros dos personagens abre um leque gigantesco de possibilidades |
Há muitas opções pré-prontas de jogos, ambientes e cérebros para os jogadores/desenvolvedores que ainda não sabem por onde começar. E é possível editar tranquilamente esses modelos para adequá-los às particularidades do jogo que você quer criar. Inclusive, essas edições e customizações podem ser feitas também com jogos e elementos dos games de outras pessoas do mundo inteiro. Gostou daquela aventura, mas acha que ficaria mais legal com inimigos extras? Então baixe-a e adicione quantos adversários quiser. Quer transformar aquele game de plataforma num FPS? Faça o download dele e modifique a mecânica de jogo. É só colocar tudo na conta do hardware do Xbox One.
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Opções já prontas de cérebros facilitam a vida de quem ainda não é experiente em programação |
Obviamente, Project Spark também está disponível para Windows 8. No entanto, como esse tipo de programa já é comum nos PCs, o destaque fica justamente para poder acessá-lo e utilizá-lo perfeitamente por um console de mesa. Daqui para frente, Project Spark só tem o que se expandir, e o que pudemos testar na E3 2014 nos deixou muito animados. Não quer esperar nem mais um segundo para entrar nessa? Então acesse o site do projeto e entre para a comunidade de jogadores/desenvolvedores!
Só não espere tanta facilidade. A interface é amigável e intuitiva, mas criar um jogo é inevitavelmente trabalhoso, então é preciso se esforçar bastante nas suas criações ou elas não estarão no topo das mais populares.
No geral, trata-se de uma das novidades mais legais do Xbox One. Se realmente virar uma febre, Project Spark pode entreter indefinidamente jogadores que querem se aventurar pelo desenvolvimento de jogos e abastecer gratuitamente a biblioteca de jogos do XBO. Some isso a uma comunidade ativa de usuários e temos uma verdadeira plataforma à parte dentro da plataforma da Microsoft.
Revisão e edição: Vitor Tibério
Capa: Felipe Araujo
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