Discussão

A Microsoft venceu a E3?

A Microsoft tinha essa E3 como a última chance de alavancar o Xbox One. Será que ela conseguiu?

Depois de mais uma E3 é hora de olharmos para trás e, agora com mais calma, rever tudo de bom que teremos nos próximos dois anos na indústria. E 2014 com certeza será lembrado como o ano de uma das melhores feiras da história, devido às excelentes apresentações das três grandes do mercado. Mesmo com Sony e Nintendo fazendo um ótimo trabalho em suas apresentações, a Microsoft mostrou provavelmente uma das melhores conferências desde o Xbox. Será que é correto afirmar, portanto, que a Microsoft “venceu” a E3?

Correndo atrás do tempo perdido

Uma coisa que é preciso se destacar antes de analisar o que a Microsoft mostrou é a pressão que essa tinha ao chegar na E3 desse ano. 2013 foi marcado por péssimas apresentações da gigante americana, em especial a que marcava o anúncio do grandioso Xbox One, o novo console da companhia. Vendo seus concorrentes saírem, e muito, na frente, fez a conferência desse ano tomar ares de “tudo ou nada” para o XBO. A boa notícia? A Microsoft se deu conta disso.

Cuidado para não perder a conta

Se grande parte do fracasso das apresentações “caixistas” ano passado foi o grande foco em aspectos técnicos e integração de serviços presentes no Xbox One, em detrimento aos jogos em si, a premissa da conferência desse ano era deixar esse erro para trás. Logo no começo, Phil Spencer foi ao palco com uma promessa para os espectadores: “Essa conferência focará somente em futuros jogos para o Xbox One”. E com uma hora e meia de trailer atrás de trailer, essa promessa foi cumprida à risca pela equipe Xbox.
Jogos e nada mais

Os third-parties têm seu destaque

Ok, ok. Muitos vão dizer: “ mas não são os multiplataforma que definem o sucesso de um console, e sim seus exclusivos”. E isso é verdade… até certo ponto. Caixistas, e até mesmo sonystas, sejamos sinceros, se apenas os exclusivos fizessem um console, muitos de nós estaríamos com um Wii U em nossas casas, visto que toda sua biblioteca de títulos é composta por esse tipo de jogos. Embora eles sejam importantes, no fim das contas muitos de nós acabaremos perdendo mais tempo jogando títulos de third-parties (como CoD, FIFA, Assassins Creed, entre outros).

Então é justo sim mostrar o merecido destaque que esses obtiveram na conferência do dia 9 de junho. E nesse quesito a Microsoft não fez feio. Embora a grande surpresa tenha ficado por conta do anúncio do novo game da série Tomb Raider denominado Lara Croft: The Rise of The Tomb Raider, foi possível ver de perto como estão outros grandes jogos esperados para o XBO. Entre eles podemos destacar o empolgante trailer de Assassin's Creed Unity, que agora contará com um modo cooperativo de até quatro jogadores, o qual mostrou todo o impecável trabalho da Ubisoft em recriar a França durante a Revolução (com direito a muitas guilhotinas).
Embora AC tenha empolgado muito, o gênero que mais obteve destaque entre os multiplataformas, mais uma vez, foi o FPS. E os fãs do gênero não tiveram o que reclamar. Desde um excelente gameplay de Call of Duty: Advanced Warfare (em que pudemos inclusive ver um enxame de drones que lembrou muito o último filme da série Matrix) até o estratégico Tom Clancy’s: The Division, os jogos em primeira pessoa roubaram uma boa parte dos holofotes. Mas para não ficar no gênero que já virou um clichê desde a última geração, a Microsoft encerrou sua demonstração de jogos multiplataforma dando um mais do que justo destaque para os games indies que estarão disponíveis no console.

Os exclusivos também têm vez

Se os jogos multiplataforma são de fato uma parte importante do console, isso não minimiza o poder dos jogos exclusivos e, sabendo disso, a Microsoft veio cheio de cartas nas mangas para compensar o que deixou de ser mostrado em 2013. Sunset Overdrive, que foi testado pela nossa equipe, mostrou-se um grande trunfo para o XBO misturando uma mecânica que lembra a série Tony Hawk com jogos de tiro em terceira pessoa. Além da jogabilidade diferente e divertida o grande destaque do jogo é seu humor e as seguidas “quebras da quarta parede”, que tornam o título um dos candidatos a jogo “zoeiro do ano”.

Além disso tivemos o “renascimento” de franquias e jogos clássicos. Um deles é Phantom Dust, jogo que misturava elementos de TCG com RPG e estratégia, lançado originalmente para Xbox e que dará as caras no Xbox One no ano que vem. Outra volta é Crackdown; lançado originalmente para Xbox 360, o destrutivo jogo de tiro em terceira pessoa também será lançado de forma exclusiva para o XBO. Mas o grande destaque da “volta dos que não foram” foi o anúncio da Master Chief Collection, um bundle com os quatro primeiros títulos da série Halo, e todos os seus respectivos mapas de multiplayer, em apenas um jogo.

E para encerrar a rodada de exclusivos tivemos o grande, e esperado, novo exclusivo do Xbox One: Scalebound. Produzido pela famosa Platinum Games (que graças ao anúncio passa a produzir simultaneamente um exclusivo para o Wii U e um para XBO), o game levará o jogador ao mundo de fantasia onde será possível caçar os mais diversos, e colossais, monstros, ao melhor estilo Monster Hunter. Com um trailer empolgante, e contando com um protagonista que lembra muito o Dante da série DmC, Scalebound tem tudo para ser um dos nomes de peso do novo console da Microsoft.

Mas e o resultado de tudo isso?

Até agora eu só mostrei tudo de bom que a Microsoft fez nessa E3 e ainda não respondi à grande pergunta da semana: será que a empresa “venceu a feira”? Não quero parecer “em cima do muro”, mas de fato nunca antes na história da E3 foi tão difícil apontar um vencedor para a disputa entre as três grandes do mercado. Com grandes conferências e demonstrações, as “first-parties” mostraram que essa geração marcará uma das disputas mais fortes da história da indústria de games.

Mas há um porém em tudo isso. Se todas mostraram um grande trabalho, a Microsoft ainda assim saiu por cima. Mas por quê? Você deve estar se perguntando. E o motivo é simples: ela é quem mais ganhou com sua boa apresentação. O PS4 já estava consolidado no mercado, e abrindo uma boa vantagem em relação à concorrência, enquanto que o Wii U desfrutava da hype pelo lançamento do excelente MK8. O Xbox One, entretanto, estava largado no esquecimento… até essa E3. A Microsoft fez um excelente trabalho em reerguer seu console e trazê-lo de volta à disputa da oitava geração de videogames, “ganhando” assim a feira. E para você, leitor? Como a Microsoft se saiu nessa E3? E quem levou a melhor nessa disputa?

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Revisão: Vitor Tibério
Capa: Doug Fernandes

é graduando em Engenharia de Computação na UFRGS. Viciado em jogos, em especial Mobas e RTS, passou boa parte da vida jogando-os e pesquisando sobre aqueles que não teve tempo de jogar, o que o levou a virar redator do Xbox Blast.

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