Um histórico ruim
O descontentamento dos gamers com o cancelamento do AAA Scalebound é pauta diária de muitas reclamações, sejam de jogadores ou de especialistas em games, lembrando o impacto negativo de quando Silent Hills (PS4) foi cancelado pela Konami em 2015. Porém, no caso da Microsoft, esses problemas de desenvolvimento de exclusivos com third-parties são recorrentes e geram preocupação por parte dos donos do console.Em 2012, a Microsoft cancelou o RPG Stormlands (X360) em parceria com a Obsidian, responsável por Star Wars Knights of the Old Republic II: The Sith Lords (XB/PC) e Fallout: New Vegas (Multi). A multinacional decidiu pelo encerramento do projeto na última hora e apenas enviou uma notificação da decisão para os desenvolvedores do jogo, que recorreram ao site de financiamento coletivo Kickstarter para não deixar seu trabalho ter sido em vão e evitar de o estúdio ir à falência. Eles transformaram Stormlands no RPG Tyranny (PC), lançado em 2016.
Três anos depois, foi a vez da Darkside Games ficar em maus lençóis. A desenvolvedora de Gears of War: Judgment (X360) e BioShock Infinite (Multi) estava trabalhando em uma versão remasterizada do jogo de ação e estratégia Phantom Dust (XB), da Microsoft Studios. Entretanto, a falta de orçamento da Microsoft para o projeto e o posterior anúncio do novo jogo na E3 2014, produzido por outro estúdio terceirizado pela multinacional, indignou os game designers da Darkside Games, que abandonaram o projeto e cancelaram a parceria. Apesar das controvérsias, Aaron Greenberg, gerente de produtos da Microsoft, afirmou em 2015 que a empresa não desistiu da remasterização de Phantom Dust e que o projeto está apenas parado, mas não cancelado.
O caso mais recente de cancelamento de exclusivos de third-parties — antes de Scalebound — foi em 2016. A produtora inglesa Lionhead Studios planejava fazer um quarto título para a série Fable, o RPG de ação Fable 4 (XBO/PC). A Microsoft não gostou da ideia e fez o estúdio produzir o RPG de ação cooperativo Fable Legends (XBO/PC). Quando o game apresentou sérios problemas de desempenho em eventos da E3, a multinacional optou por cancelar o projeto e fechar a Lionhead Studios.
Scalebound, mais um mau exemplo
Infelizmente, a Microsoft está cada dia mais longe de criar novos exclusivos para o Xbox. A empresa parece satisfeita em viver à sombra dos sucessos passados e não se esforça para entregar produtos melhores e exclusivos para os donos de seu console. O cancelamento de Scalebound foi apenas mais um mau exemplo da falta de compromisso da Microsoft com os fãs.A Platinum Games emitiu um pedido de desculpas aos fãs pelo cancelamento do novo jogo. O comunicado escrito pelo diretor de Scalebound, Hideki Kamiya, lamenta a decisão da Microsoft, pede desculpas aos gamers e promete revê-los com seus futuros lançamentos, o RPG de ação Nier: Automata (PS4/PC), a ser lançado em março deste ano; o RPG de ação multiplayer Granblue Fantasy Project Re: Link; e o game de estratégia Lost Order (Mobile), ambos sem previsão de lançamento.
Enquanto isso, o chefe da divisão Xbox, Phil Spencer, disse que a decisão do cancelamento de Scalebound foi difícil, mas necessária. O executivo também afirmou que a Microsoft continuará investindo em parcerias com third-parties, contudo, passará a focar em jogos desenvolvidos por seus próprios estúdios. O jeito é torcer para esta má tendência da Microsoft não virar um costume da multinacional.
Revisão: Luigi Santana
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